Rafael Lopes Pereira*
RESUMO: O presente trabalho mostra a organização da festa tradicional dos
Catopés em Montes Claros que ocorre todos os anos na cidade, a qual possibilita
reviver a memória cultural e religiosa dos antigos, como forma de tradição ha
mais de cem anos. Sendo patrimônio histórico-cultural e material da cidade, o
festejo tem por objetivo não deixar esmaecer a cultura local e suas
características. Com o crescimento da cidade, o espaço para a cultura foi-se
perdendo e pouco preservado, de modo que foram os Catopês que assumiram o
compromisso de não deixar cessar a tradição, dando seguimento ao festejo numa
tarefa cumprida todos os anos. Nesse sentido, as festas atuam como patrimônio
histórico e cultural para a cidade, caracterizando as raízes advindas do
cristianismo e no congado brasileiro, a partir de suas formas de expressão, como
é o caso das missas, das procissões e dos cortejos rituais que estão presentes
na composição dos momentos do grupo dos Catopês.
PALAVRAS-CHAVE: Festa Religiosa; Grupo Catopês; Montes Claros.
ABSTRATC: This paper shows
the organization of the traditional feast of Montes Claros Catopês that occurs
every year in the city, which allows relive the memory of the ancient cultural
and religious, as a form of tradition for over one hundred years. Being historical-material
and cultural city, the celebration aims to not let fade the local culture and
its characteristics. With the growth of the city, space for culture was lost
and little preserved, so that Catopês were committed to not let tradition stop,
continuing to feast on a task accomplished pro every year. Accordingly, the
parties act as historical and cultural heritage of the city, featuring roots
stemming from Christianity and congado Brazil, from its forms of expression,
such as Masses, processions and parades rituals that are present moments in the
composition of the group of Catopês.
KEY WORDS: Religious Feast; Group Catopês; Montes Claros.
1. INTRODUÇÃO
1.1 Catopés como
Patrimônio Histórico-Cultural
O grupo Catopés da
cidade de Montes Claros, tendo sobrevivido ao desenvolvimento da cidade e ao
pouco investimento financeiro, só fez crescer
com o passar dos anos. Como patrimônio cultural e material do município, o
grupo revive todos os anos o que aprenderam com os pais e avôs, o que foi passado
de geração a geração. Com a manifestação do grupo na cidade, Montes Claros pôde
obter um patrimônio cultural que engloba a história da cidade e de um passado
importante a respeito do conhecimento dos antigos, em forma de momentos que são
revividos e indispensáveis. E ainda que o município se desenvolva a cada ano, a
necessidade de preservação dos festejos existe, pois eles já fazem parte da
vida do povo que os acolheu e que se encanta com a alegria dos festeiros. A
esse respeito, nas palavras do autor:
O patrimônio
cultural de uma dada sociedade é formado por um tripé indissociável em que se
contemplam as seguintes dimensões; a dimensão natural, ou ecológica, a dimensão
histórico-artística e a dimensão documental. Neste sentido o próprio meio ambiente,
os conjuntos urbanos e os sítios de valor históricos, paisagísticos, artísticos
e arqueológicos, paleontológico e científico, as obras, os objetos, os documentos,
as edificações, as criações cientificas, artísticas e tecnológicas, as formas
de expressão e até mesmo os modos de criar, fazer e viver são bens culturais de
uma sociedade e por isso devem ser preservadas. (BOSI, 2005, p.133)
Os objetivos da festa é a consagração das três divindades: Nossa Senhora
do Rosário, São Benedito e o Divino Espirito Santo. A consagração é feita
através de rituais religiosos presentes nos momentos da festa. O propósito é
desenvolver a interação entre as pessoas, sem distinção de classe social ou raça,
de modo que a festa é para todos que quiserem apreciá-la e dela participarem. O
festejo nos remete à mistura e a miscigenação de que é formado o Brasil, e a
preservação da festa é o principal objetivo dos grupos, uma vez que lhes foi
dada a missão de passar tudo que aprenderam para a geração futura, numa espécie
de herança. A autora Ângela Martins Ferreira (2009) expõe que “é assim que
nossas festas jamais morreram, pois são passadas de geração a geração.” (FERREIRA,
2009, p.44)
Nesse sentido, os
Catopês têm a missão de cumprir todos os momentos da festa. Uma vez que revivendo
cada instância que lhes foi ensinada, o grupo revive toda a manifestação
religiosa, com o compromisso de que no ano seguinte tudo volte a se repetir.
Nas apresentações, os Catopês estão sempre sorrindo, pulando e cantando, dando
salves ao santo protetor de devoção, esbanjando religiosidade, compromisso e
simplicidade a cada passo.
1.2
A Festa em Montes Claros
Agosto é o mês da festa
em Montes Claros. Sua formação adveio da união entre três santidades: Nossa
Senhora do Rosário, São Benedito e o Divino Espirito Santo; nos Catopês, dois
grupos são devotos de Nossa Senhora do Rosário e um grupo devoto de São
Benedito. Independente do santo do dia, todos respeitam e demonstram seriedade
em suas apresentações. A esse respeito, o estudioso Luiz Ricardo Silva Queiroz aponta:
O Bispo Dom João Pimenta reuniu
no mesmo calendário três festas religiosas que já aconteciam na cidade em
épocas diferenciadas. Assim a festa do Divino, que acontecia no período de Pentecostes,
e a festa de São Benedito, que acontecia no mês de setembro ou outubro, foram
somadas à festa de Nossa Senhora do Rosário que já era realizada no mês de
agosto. (QUEIROZ, 2002, p.46)
Nas apresentações, os Catopês
fazem seus rituais cantando, dançando, celebrando, com muita dedicação e, para
que tudo dê certo, os coordenadores é quem comandam os grupos. O grupo de
Catopês tem três pessoas que dão força aos grupos, que são os seguintes: para o
Grupo de Nossa Senhora do Rosário, os Mestre Zanza (João Pimenta); Mestre João
Farias e Zé Expedito que comandam o terno de São Benedito. Os outros grupos que
compõem a festa são os Caboclos que homenageiam o Divino Espírito Santo, cujo
coordenador costumava ser o falecido Joaquim Polo, substituído atualmente por sua
filha Maria do Socorro Pereira Domingues. Além da Marujada, comandados pelo Mestre
Nenzim e pelo falecido Mestre Miguel, também devotos do Divino.
Estão sempre animados
ao celebrar para seu santo, fazendo com que a força e a fé de um grupo sejam
transmitidas para o outro. Dando seguimento aos cantos e salves ao santo, com o
desfile pelas ruas do centro de Montes Claros. Em suas apresentações e nos
desfiles pelas ruas do centro do município, as raízes são relembradas e a influencia
africana é reavivada em suas coreografias junto dos batuques dos tambores que
se misturam com os cânticos religiosos, dando o máximo de si, sem mesmo se importar
com o sol forte da época. Para Luiz Ricardo Silva Queiroz, “os elementos
distintos que compõem a performance dos Catopês deixam evidente que são esses
grupos os que preservam as maiores influências
da cultura africana, na composição no que diz respeito a figurações rituais,
coreografias e musicais.” (Queiroz, 2002, p.40)
Com o passar do tempo,
os grupos foram crescendo, de tal forma, que foi necessário dividí-los, em
favor de ficarem mais organizados. Assim, os Mestres, junto aos membros, dão
vida à festa, apresentam e fazem uma mistura religiosa, social e cultural. No
segmento religioso, eles se empenham muito, fazendo estandartes dos santos,
enfeitando as imagens, celebrando missas e cantando músicas religiosas para os santos;
já no segmento social, eles transmitem uma interação com o publico sem distinção;
e na parte cultural, trazem em suas performances, personagens ilustres da época
colonial, com coreografias e a presença da realeza vinda de Portugal, os príncipes
e princesas, reis e rainhas, e até os índios que são representados na festa.
Os Catopês são
responsáveis pela preservação da religiosidade e sua ligação com fatos da
história brasileira. A importância da religiosidade é muito grande para os Catopês,
pois, o principal ritual é a devoção e a fé que os mesmos depositam nas santidades,
para as quais investem tudo o que sentem, dessa maneira é que o festejo se realiza.
Com a tradição dos Catopês exposta ao público ano a ano, tornando-se fonte de
conhecimento religioso, junto de suas crenças e muitas outras lembranças, a herança
deixada pelos ancestrais do grupo se torna uma maneira de conhecer melhor o
grupo e os membros se tornam responsáveis por não deixar esmaecer essa
tradição.
Durante muito tempo, Mestre
Zanza é quem está à frente do festejo, e segundo a tradição, quem deve
substituí-lo é uma filha ou um filho seu. O Mestre está todos os anos presente
nas comemorações, nas ruas de Montes Claros, dando sempre um brilho a mais ao
espetáculo que contagia o município; é notável o orgulho que ele tem em estar ali,
vendo anualmente os grupos fazerem aquilo que seus pais e avós deixaram para eles.
O Padre João Batista é o celebrante das missas e participa regularmente dos
festejos, o Padre João é da comunidade do Bairro Sagrada Família, da Paroquia
São Norberto e sua presença já virou tradição, celebrando a missa e saindo em
procissão e desfile pelas ruas. Conforme aponta a autora: “Padre João Batista,
sorridente como sempre, vai à frente do rei, rainha, príncipe e princesas. É
realmente uma pessoa carismática que ama o folclore e desfila com fé e muito
entusiasmo.” (FERREIRA, 2009, p.34)
A interação da
comunidade com o grupo é fundamental, pois, são eles responsáveis por roubar a
bandeira e guardá-la, para que no próximo ano, ela possa ser levantada no
mastro e, novamente, dar seguimento a tradição. Os mordomos fiéis, que guardam
a bandeira, geralmente patrocinam um almoço coletivo para os grupos e seus
filhos e netos que são os reis e rainhas nos desfiles. Podemos ver que a festa
é um conjunto de momentos em que estão todos os envolvidos participantes ativos
do festejo, não dependendo de estarem engajados nos grupos, mas participando
dos momentos que constroem a festa. Conforme atenta o estudioso:
Os mordomos são pessoas da
comunidade, sorteadas para grudarem as bandeiras dos santos, de um ano para o outro.
A cada ano, a festa tem três mordomos, o de Nossa Senhora do Rosário de São
Benedito e o do Divino Espirito Santo. No período de realização do ritual, os
grupos de Catopês, Marujos e Caboclinhos vão até a casa dessas pessoas buscar a
bandeira e conduzí-los até a Igreja do Rosário. (QUEIROZ, 2002, p.48.)
Dessa maneira, eles vão
dando continuidade ao festejo, sempre cumprindo com as etapas, para que tudo dê
certo e que se cumpram os rituais passados à geração, uma vez que, cumprindo os
rituais, eles revivem a história e ainda ensinam aos mais novos as etapas das
tradições do grupo. Na realização das etapas, os Mestres é quem comandam, pois
eles são os mais velhos e guardiões das tradições passadas a eles pelos mais antigos,
e assim os grupos vão se apresentando sempre bem vestidos e alegres.
Quanto ao método
utilizado para as pesquisas que levaram a construção desse trabalho, essas foram
feitas no ano de 2012 e 2013, as buscas foram feitas através de bibliografias,
jornais e revistas que contam a história do grupo em Montes Claros, elas
proporcionaram suporte aos relatos dos personagens da festa. No entanto a dada
exata do início da festa não tenha sido encontrada, é sabido que a trajetória
do grupo no município é muito grande e data de mais de cem anos.
Os locais em que foi
encontrado um grande número de acervos sobre o tema, foram Centro Cultural,
Secretaria de Cultura e Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), e a
associação dos Catopês, Marujos e Caboclinhos possibilitou uma pesquisa com
amplo conhecimento da organização dos grupos.
As ruas da cidade
também serviram para ver o quanto os Catopês são importantes para o município
montesclarense, pois é a cultura que é transmitida para o povo, que denota toda
a devoção que eles têm. Pôde-se observar de perto como tudo funciona, desde a
ornamentação da cidade até a última procissão, viu-se muitas orações, cantos,
batuques de tambores, rituais presentes, tudo para agradar o santo padroeiro.
2. Os Catopés e o Imaginário Popular
Segundo Valdemar
Ferreira (2010): “Imaginário popular é a crença antiga das forças divinas
exercidas pela natureza. Onde o homem era a peça de suma importância do grande
teatro divino que é o universo.” (Valdemar Ferreira, 2010, p. 1-2) .Nesta relação
do homem e o divino é ligada ao imaginário popular onde o homem acredita
naquilo que lhes foi contado e passado de geração em geração, onde para os
antigos aqueles fenômenos da natureza que não tinham explicação eles apelavam
para o divino, pois para eles a vontade dos deuses estava acima dos homens, com
muita obediência e respeito no divino o homem respeita aquilo que é sagrado
para os povos antigos, os catopês tem essa ligação com o divino, são devotos
das divindades adivinhas de tempos antigos, mas que foi sendo passado de boca
em boca as gerações, assim foram seguindo a tradição e acreditando no mito que
se encere.
Para Valdemar Ferreira (2010):
“[...] toda cultura tem seu mito, sua designação para aquilo que é inexplicável
pelos experimentos humanos.” (Valdemar Ferreira, 2010, p.2). Neste sentido o
mito ele conta o que os povos não conseguem explicar, eles somente acreditam, o
mito é oral passando de boca a boca e diz muito sobre o povo assim o mito
retrata bem a manifestação do divino. Seguindo este contexto as lendas também
se apresentam para explicar os argumentos que remetem ao imaginário popular e
as tradições populares.
Conforme Valdemar Ferreira (2010): “As lendas
são tradições populares ou histórias fabulosas sobre fatos históricos ou
característicos de algumas sociedades.” (Valdemar Ferreira, 2010, p.3). O grupo
catopês sendo uma manifestação cultural espalhou-se e foi trazendo para o povo
local a força da crença e das lendas. Segundo Valdemar Ferreira(2010): “A
população usava de toda a cultura presente para espalhar suas crenças e
lendas.” (Valdemar Ferreira, 2010, p.4)
Para Valdemar Ferreira
(2010): “O povo coloca muito de suas crenças nas histórias populares ou lendas
e isso foi gradativamente enriquecido pelas culturas que aqui se homogeneizaram
como a cultura africana e indígena.” (Valdemar Ferreira, 2010, p.4). Portanto o
regionalismo mostra que as lendas populares não estão somente no imaginário,
mas nas crenças do meio cultural do povo no Brasil, por exemplo, onde a maioria
é católica, aonde as histórias vão ao encontro com a religião cristã.
Neste sentido as
histórias populares e as lendas fluem na cultura, é onde se vê que a tradição
do povo é viva, é o caso dos catopês que vive e revive na região de Montes
Claros espalhando sua cultura e seu imaginário popular, através da fé nos
santos que são para eles as divindades em que tudo o que fazem durante o
festejo é para eles, demonstrando muita devoção nos menos. O que se vê nos
catopês é o homem expressando suas crenças, fazendo ganhar vida a sua
manifestação, isso que o imaginário concede criar e viver as criações no
decorrer da história.
3.
Fé e devoção
representadas pelos catopês nas festas de agosto
A pesquisa foi desenvolvida
com o objetivo de conhecer a religiosidade, a cultura e a tradição do grupo
Catopês no contexto religioso em Montes Claros, bem como a fé e a devoção do povo
que faz crescer a cada apresentação na cidade, onde tudo é feito com o objetivo
de agradar os santos e em favor do compromisso que se tem de seguir a tradição
dos momentos da festa. Sendo assim, os grupos Catopês, Marujos e Caboclinhos
todos os anos repetem os rituais de benção e benevolência às santidades. A
preparação dos festejos é feita na associação própria dos grupos como uma espécie
de treinamento, pois é lá que eles ensaiam e se aprontam para o início das
festas, na qual começam o ritual, fazem rodas e batem palmas e em seguida
começam a girar e a cantar para seu santo de devoção. Sobre isso, de acordo com
as palavras de Jean Mendes (2004):
Essa forma de manifestação
católica religiosa, e constituinte do catolicismo popular que engrena
sentimento de coletividade circundada por um arcabouço metodológico repleto de
crenças e ritos, mas que não exerce sobre os homens os mesmos desejos e
obrigações ritualísticas do catolicismo oficial. (MENDES, 2004, p.55-56)
O grupo criou raiz na cidade,
formando sua própria característica e sua própria forma de expressar as suas características,
de modo que alguns momentos tornaram-se somente deles. Seguem o cristianismo,
mas agregam fatos próprios da cultura local e de momentos com rituais próprios
do grupo. Trata-se de uma mistura entre cultura e religiosidade, na qual o mais
importante é a fé e a devoção que eles têm em seus santos. A isso,
acrescenta-se:
Assim é a festa de agosto em
Montes Claros, uma expressão cultural que tem se renovado na contemporaneidade,
associada a fatores como religião, entretenimento, (re)afirmação social e uma série
de outras dimensões que se confrontam nesse universo cultural. (QUEIROZ, 2002,
p.47)
A festa agrega vários
nomes, entre os quais estão: Movimento; festejo; manifestação, todos são válidos,
uma vez que seu caráter popular possibilita esse universo de dimensão em que o
grupo se tornou. É a dedicação de Mestre Zanza que faz a festa ficar cada vez
presente na cidade, sua luta na preservação do grupo é nítida, o que resulta
numa festa de orgulho. A religiosidade do grupo é vista em todas as instâncias,
em cada passo e cada rosto dos membros que expressam o sentimento de comunhão e
partilha dos festejos; ali é vivo o sentimento de fé e de cultura que é cultivada
como forma de tradição, de modo a cumprir o papel que foi passado aos
participantes, em forma de grande respeito. Para Hermes de Paula (2008): “Ao
sair da igreja os dançantes não dão as costas para o altar fazendo sempre
salamaleques respeitosos, dançando uma dança mais suave, vão saindo em
conjunto, sempre de frente para o altar.” (HERMES DE PAULA, 2007, p.138)
Como forma de tradição,
os participantes levantam os mastros com a bandeira do santo do dia. O primeiro
mastro a ser levantado é o de Nossa Senhora do Rosário que, em seguida, ganha
as ruas do centro de Montes Claros. Depois, é a vez de levantar o Mastro de São
Benedito que, no próximo dia, toma as ruas locais e, por último, é o mastro do
Divino que é levantado, rumo às ruas da cidade, seguindo sempre esta sequência.
Nas composições das músicas,
os participantes agregam um canto pequeno com poucas estrofes. Como numa
espécie de coro, o Mestre canta e os membros respondem, sempre dando salve ao
santo de que são devotos. Seus instrumentos geralmente são produzidos por eles
mesmos e todos são de percussão. A esse respeito, Raquel Mendonça (2011) expõe:
A música dos Catopês é melodicamente pobre,
predominando o ritmo, tanto que o seu instrumental é exclusivamente de
percussão. São tamborins, pandeiros e caixas, em geral fabricados por eles
mesmos, usando couro de cabrito. Cantam sempre sob o comando do mestre, que
canta uma estrofe e todo o grupo responde. Apesar da pouca musicalidade, a
riqueza do ritmo e o arranjo dos instrumentos dão um efeito de rara beleza e
emoção. (MENDONÇA, 2011, p.1)
3.1. Os Donos da Festa
As três divindades
formam os santos da festa. Nossa Senhora do Rosário, a santa dos Catopês, e São
Benedito são santos de origem humilda e têm como fundamento a caridade e a fraternidade,
e um dos poucos santos considerados de origem da raça negra, tendo a história
voltada para a fraternidade e ao espírito de humildade e o Divino, que é a
terceira pessoa da santíssima trindade, tem sua essência na fraternidade e
igualdade entre todos, simbolizada pela pomba com uma coroa bem enfeitada.
A história de Nossa
Senhora pela formação mítica se formava ainda na África, quando uma imagem de
Nossa Senhora do Rosário apareceu no mar, quando o grupo de congo se dirigiu
para a areia tocando seus instrumentos, só conseguiu fazer com que a santa se
movesse uma vez num movimento muito rápido. Assim, Nossa Senhora se encaminhou para
frente e parou; então todos vieram, os negros moçambicanos, batendo seus
tambores recobertos com folhas de inhame, cantando para a santa e pedindo a ela
que viesse para protegê-los. A imagem veio se encaminhando num movimento de vaivém
das ondas, lentamente, até chegar à praia. (PEREIRA, 1990)
São Benedito foi pastor
de ovelhas e lavrador. Aos dezoito anos de idade o jovem já havia decidido
consagrar-se ao serviço de Deus e aos vinte e um anos, um monge dos irmãos
eremitas de São Francisco de Assis o chamou para viver entre eles. Fez votos de
pobreza, obediência e castidade e, coerentemente, caminhava descalço pelas ruas
e dormia no chão sem cobertas. Era muito procurado pelo povo que desejava ouvir
seus conselhos e pedir-lhe orações.
Cumprindo seu voto de obediência, depois de dezessete anos entre os eremitas, foi designado para ser cozinheiro no Convento dos Capuchinhos. Sua piedade, sabedoria e santidade levaram seus irmãos de comunidade a elegê-lo o Superior do Mosteiro, apesar de analfabeto e leigo, pois, não havia sido ordenado sacerdote. Seus irmãos o consideravam iluminado pelo Espírito Santo, já que fazia muitas profecias. Ao terminar o tempo determinado como Superior, reassumiu com muita humildade, mas com alegria, suas atividades na cozinha do convento.
Cumprindo seu voto de obediência, depois de dezessete anos entre os eremitas, foi designado para ser cozinheiro no Convento dos Capuchinhos. Sua piedade, sabedoria e santidade levaram seus irmãos de comunidade a elegê-lo o Superior do Mosteiro, apesar de analfabeto e leigo, pois, não havia sido ordenado sacerdote. Seus irmãos o consideravam iluminado pelo Espírito Santo, já que fazia muitas profecias. Ao terminar o tempo determinado como Superior, reassumiu com muita humildade, mas com alegria, suas atividades na cozinha do convento.
Sempre preocupado pelos
os mais pobres do que ele, aqueles que não tinham nem o alimento diário,
retiravam alguns mantimentos do Convento, escondia-os dentro de suas roupas e
os levava para os famintos que enchiam as ruelas das cidades. Conta a tradição
que, em uma dessas saídas, o novo Superior do Convento o surpreendeu e
perguntou: “Que escondes aí, embaixo de teu manto, irmão Benedito?” E o santo
humildemente respondeu: “Rosas, meu senhor!” e, abrindo o manto, de fato
apareceram rosas de grande beleza e não os alimentos de que suspeitava o
Superior.( PRAZERES, 2009)
A história do Divino foi
trazida pelos portugueses colonizadores quando Itanhaém era ainda uma vila, a
“Vila de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém”. Deduz-se daí que se trata de
uma festa bem antiga que veio junto com as bagagens, malas, usos, costumes e um
bocado de fé dos colonizadores portugueses, uma vez que é uma festa realizada
em Itanhaém há mais de quatrocentos anos.
A tradição folclórica
religiosa trazida é a seguinte: em uma época conturbada no reino português,
quando a vida econômica era terrível, em que a administração era perturbada e as
ameaças à segurança do trono da soberana Imperatriz Isabel eram agravadas, a
Imperatriz, por sua vez, desejando ardentemente que Portugal saísse dessa grave
crise, teve uma atitude inesperada que causou enorme impacto junto à corte, ela
“abdicou” da coroa em favor do Divino Espírito Santo. A Imperatriz Isabel era
muito religiosa e possuidora de uma fé inabalável, então, resolveu que,
enquanto os sérios e graves problemas que atravancavam a vida do país não
fossem solucionados, Portugal seria governado pela Santíssima Trindade.
No dia de Pentecostes,
toda a corte, em procissão, tendo à frente a Imperatriz e o Imperador,
dirigiu-se à Catedral, depositando no altar-mor o cetro e o estandarte
(símbolos do poder do império). O cortejo e a cerimônia configuravam a promessa
da Imperatriz que, a partir daquele instante, recolheu-se a um convento e
aguardou os acontecimentos. Portugal desde então seria governado pelo Divino
Espírito Santo.
Não sabemos se a fé ou
a retomada da ponderação na corte foi a responsável pela paz, mas a medida extrema
e inusitada da soberana Imperatriz findou a revolta e os ânimos foram
acalmados. Dessa forma, a política voltou à normalidade e, consequentemente, a
vida econômica de Portugal voltou à estabilidade. Esse acontecimento foi tido
pelo povo como um milagre do Divino Espírito Santo, em atenção às preces da
devota soberana. Sendo assim, a Imperatriz Isabel atendendo ao seu povo, retorna
ao trono realizando novo cortejo à Catedral e reinvestindo-se de sua realeza. (CALIXTO,
2011)
O Divino Espirito Santo
é a terceira pessoa da Santíssima Trindade e tem sua essência na fraternidade e
na igualdade entre todos os povos, simbolizado pela pomba com uma coroa, sendo
essa bem enfeitada com pedras e um manto de veludo vermelho.
Assim é o universo dos Catopê,
sempre com muita fé nos santos de que são devotos, o grupo tem o seguimento do cristianismo,
manifestado em ritos comuns da religião católica, ainda que não se prendam ao
cristianismo formal, já que tem suas doutrinas e condutas diferenciadas dos
grupos congadeiros, não deixando, por isso, de ser católico, uma vez que criaram
uma identidade no seguimento da tradição que se desenvolveu na cidade e em
outras parte do estado. Sobre isso, nas palavras do autor:
O universo do mundo congadeiro
engloba os espaços, simbólicos e todos os aspectos ritualísticos que constituem
o caminho para sua ligação com o sagrado, comporta elementos característicos e
preceitos que convergem num objetivo central qual seja a direção rumo ao mundo
do não natural, do imaterial do sagrado. Os aspectos desse mundo do congadeiro,
concernentes, constituídos e moldados inicialmente o desejo do sistema
religioso que os comporta, a religião católica, mescla um universo de homens
comuns sem o com prometimento com o sistema religioso formal e oficial, com uma
estrutura formalizada, como é estabelecida nos sistemas e tradições da igreja
nos moldes católicos. (MENDES, 2004, p.55-56.)
As Festas de Agosto em
Montes Claros manifestam alegria, fé e devoção do povo que acredita na religiosidade;
trata-se de um momento de mostrar a devoção e a crença no que foi passado de
geração a geração, e que se faz perpetuar na história de Montes Claros,
revivendo essa instância a cada ano da festa, dando oportunidade para a cultura
e para a religiosidade. Sobre esse assunto, menciona-se:
Para compreensão significativa da
variedade de situações vivenciadas durante a manifestação dos grupos Catopês, Marujos
e Caboclinhos, são importantes apresentar as etapas que constituem a essência dessa
festividade em Montes Claros. De forma ampla, a festa de agosto em Montes
Claros conta com sete situações distintas que são inter-relacionadas pelo
desempenho dos grupos durante o ritual. Essas situações se estabelecem nas
visitas as casas dos mordomos, no levantamento dos mastros, nos reinados, e no
império, nas missas e homenagem aos santos, no encontro dos grupos de congados
na procissão e na missa de encerramento. (QUEIROZ, 2002, p.48)
O autor completa que “no
entanto, a essência do festejo é preservada nas músicas, nas coreografias, na
religiosidade e em toda complexidade simbólica dessas expressões.” (QUEIROZ, 2002,
p.47). A festa tem suas particularidades no que diz respeito às suas características.
Sua imagem é de uma festa cultural e religiosa, que pode ser considerado um
patrimônio cultural e material para a cidade, se observado o forte intuito de
preservação que os membros do grupo têm. Já em outros momentos, podemos
perceber a preservação da história nos cortejos pelas ruas que relembra a corte
no Brasil na época colonial, e por conta disso, a festa tornou-se um festival
de cultura.
3.2
Tradições
Indispensáveis
O grupo tem o costume
de mostrar muito respeito e devoção ao santo, e para demostrar o respeito com o
sagrado, os participantes têm o costume de se vestirem de cores específicas nas
apresentações para seu santo protetor. Cada grupo tem uma cor diferente e que é
relacionada ao santo de devoção, é com o que mostram mais uma vez o quanto são devotos do santo. A esse respeito:
Os Catopês apresentam pequenas
variações nas cores de suas vestimentas, tendo em vista que, nos ternos de
Montes Claros, há uma predominância da cor branca como base da coloração das
roupas dos integrantes. No entanto, cores como o azul, rosa, e o vermelho, que
estão relacionados aos santos devotos pelos grupos, podem apresentar nuanças na
composição dos figurinos, fazendo parte de detalhes e até mesmo da configuração
geral da roupa dos Mestres e ou de integrantes hierarquicamente mais
importantes dentro dos ternos. (QUEIROZ, 2002, p.40.)
Em alguns momentos para
os Catopês essa conduta é bem natural, uma vez que eles não são impostos, pois é
a tradição que se tem, e assim eles vão seguindo de forma que possam expressar
a devoção ao seu santo, fazendo de pequenos detalhes uma verdadeira motivação
para agradar ao santo. E por falar sempre em tradição, o funcionamento o
cumprimento dos momentos da festa são instâncias fundamentais.
Catopé significa dança
ou ritmo com batuques. No início, os grupos eram formados por homens e crianças;
a princípio eram somente homens e negros que poderiam dançar nos ternos, mas com
o passar dos anos, as mulheres também puderam participar; hoje, todos podem participar.
Em Montes Claros, os ternos têm uma diferença entre grupos, os seus reis e
rainhas geralmente são crianças e a maioria branca, diferente dos outros que
são os próprios dançantes dos ternos, e em Montes Claros são as crianças os
reis e rainhas, independente de raça que são inscritas e sorteadas para
representar no festejo. Para essa característica, há uma explicação para o fato
de somente crianças e a maioria delas branca, poderem desfilar nos reinados,
Raquel Mendonça explica:
Tive certa vez uma explicação a
respeito de tal diferença, ou seja, porque crianças - a maior parte brancas - e
não adultos negros. A justificativa é a seguinte: essa festa era exclusiva das
senzalas. Apenas os escravos participavam. Acontece que era costume, não só
aqui como em todas as partes, a mãe-preta, uma escrava que amamentava os filhos
do senhor. Para essa função era sempre escolhida uma mulher de boa saúde e de
boa índole, em quem os patrões pudessem confiar suas crianças. E sempre
acontecia que essa escrava, pelo fato de alimentá-las com seu leite, acabava
por se sentir meio mãe, apaixonada e dedicada ao "sinhozinho" ou à
"sinhazinha".
Dizem que numa época, uma criança
filha de um fazendeiro adoeceu, doença grave. Tentou-se os recursos médicos da
época sem resultados. Foi quando entrou em cena a mãe-preta, desesperada com a
quase certeza da perda do "filho". Diz aos pais da criança que ia
fazer uma promessa a São Benedito, pedindo pela vida do menino e que, se ele se
salvasse, sairia como rei na festa dos escravos. Os pais, que a essa altura já
estavam recorrendo a qualquer coisa que lhes desse uma esperança, aceitaram o
compromisso. O fato é que a criança começou, logo em seguida, a sentir melhoras
e, em poucos dias, estava inteiramente sã. O pai cumpriu a promessa da escrava
e, ano seguinte, pela primeira vez, um menino branco foi o rei na festa dos
negros. (MENDONÇA, 2011, p.01)
De acordo com Clarice
Sarmento (2012), em matéria publicada no Jornal Norte de Minas, “Os trajes
ostentam as cores do santo, azul e branco para N.S Senhora do Rosário, rosa
para São Benedito e vermelho para o Divino (...)” (SARMENTO, 2012, p.3)
De maneira organizada e
em fila indiana, com as vestimentas com as cores para o santo de devoção, saem
às ruas do centro da cidade, fazendo suas coreografias e cortejos que desfilam
com muito fervor, cantam e batem os tambores, fazem a maior festa na rua. Os
grupos apresentam em seus trajes, utensílios que compõem as vestes de cada
grupo, inclusive os Catopês. O utensilio que os caracteriza são: os capacetes
cheios de fitas e miçangas coloridas, com pena de pavão, em demonstração de
eminente criatividade. Sobre essa colocação, o autor acrescenta que “elementos
importantes na organização indenitária dos Catopês são os capacetes, adereço
enfeitado com fitas coloridas, miçangas, espelhos e pena de pavão.” (QUEIROZ, 2002,
p.41). Os outros grupos também utilizam utensílios, como é o caso dos Caboclinhos
que apresentam em suas vestimentas, as roupas que relembram os indígenas com
objetos como o arco e flecha que bem os representa; a Marujada em que os
participantes se vestem como os marujos de navios que, com suas espadas na
coreografia mostram uma luta em um conflito.
Os grupos também têm o estandarte
e o mastro com a imagem do santo, e na frente de cada terno é levada a bandeira
do santo, sempre bem colorida e bem enfeitada, é com essas composições que eles
saem em cortejo pelas ruas da cidade. De acordo com Ângela Martins Ferreira (2009)
“Cada terno leva suas bandeiras (com o emblema dos santos que veneram) que são
balançadas em rodopios marcantes a frente de seus ternos.” (FERREIRA, 2009, p.38)
Para os Catopês, Marujos
e Caboclinhos, a coreografia faz parte do espetáculo e é através dela que os
dançantes expressam toda a complexidade da festa, através do forte ritmo dos
instrumentos que são tocados durante os desfiles ou na procissão. Pois, são
nesses momentos que se vê a forte influência africana que os Catopés têm, nessa
instância parecem sentir orgulho daquele universo e com todo prazer fazem a
festa acontecer, esperando que o ano seguinte venha logo para promover
novamente o festejo e reviver tudo mais uma vez. Conforme a autora, “os
dançantes, no momento da consagração ajoelham demonstram sua fé no senhor
Jesus, todos rezam o Pai Nosso com muita piedade.” (FERREIRA, 2009, p.53). O
respeito com o sagrado é a forma de expressar a fé que os membros dos grupos
possuem, é nesse momento de orações que eles revivem o que eles aprenderam,
dessa forma passarão para seus filhos ou netos a tradição, não deixando esmaecer
a festa na cidade de Montes Claros.
O domingo é o último
dia de festa para os Catopês, Marujos e Caboclinhos, nesse dia é feita a
procissão de encerramento. A procissão é mais um momento de mostrar a fé do
povo e a união dos grupos da cidade e de grupos vizinhos de outras cidades que
vêm para o encerramento da festa, a procissão começa na Praça da Matriz, passa
pelas ruas do centro até a Igreja do Rosário na Praça Portugal e lá é celebrada
uma missa de encerramento da festa. Nas palavras do autor:
A procissão acontece no
encerramento da festa, domingo á tarde, com a participação dos outros ternos de
Montes Claros e de outros grupos que estiveram no encontro dos grupos de
congado. Esse evento inicia na Praça de Matriz, passando por ruas do centro da
cidade sendo finalizado na Igreja do Rosário, onde acontece a missa de
encerramento da festa. (QUEIROZ, 2009, p.50)
Ainda que o grupo de
Catopês, Marujos e Caboclinhos seja secular na cidade, há lacunas no que diz
respeito à data exata da primeira apresentação na cidade, por esse motivo, não
temos datas específicas que comprovem algo com mais exatidão. Há documentos que
comprovam datas posteriores às primeiras apresentações marcados no ano de 1939.
Sobre isso, Hermes de Paula (2007) menciona:
A mais antiga noticia sobre o
assunto é datada de 23 de maio de 1839, quando Marcelino Alves pediu licença
pra tirar esmolas para as festas de Nossa Senhora do Rosário e Divino Espirito
Santo que pretendia fazer nesta freguesia. (HERMES DE PAULA, 2007, p.138)
Assim é a festa dos
Catopês em Montes Claros, cheia de composições agregadas à tradição secular.
Foi essa trajetória dos Grupos que fez com que a cultura local fosse reconhecida,
obtendo seu espaço, mostrando o valor que os Catopês representam para o
município, dando um salto cada vez maior nas apresentações, hoje reconhecidas como
patrimônio cultural e material da cidade. Sendo assim, Montes Claros abraçou a festa
e os moradores da cidade sentem orgulho de ter esses festejos tão ricos em suas
terras. Para a autora Ângela Martins, “nessas ruas, alguns moradores de
famílias tradicionais ficam nos portões de suas casas. Comerciantes e
funcionários à porta de suas lojas e o povo à beira das calçadas.” (MARTINS, 2009,
p.32). Enfim, a tradição das apresentações dos Catopês na cidade gera cultura, conhecimento,
entretenimento, uma infinidade de benefícios para o crescimento e
desenvolvimento cultural do município, e se depender dos Mestres, essa tradição
secular não vai morrer nunca. Sobre isso, finaliza a autora: “Muita gente veio
de longe para conhecer e apreciar as Festas de Agosto. Os montes-clarenses que
estão em outras cidades vêm matar as saudades desses dias festivos que ficaram
gravados em suas memórias.” (MARTINS, 2009, p.32)
4.
Considerações Finais
Conclui-se que o grupo dos
Catopés na cidade de Montes Claros segue uma tradição religiosa que, ao
celebrarem todos os anos as missas, primarem pelo levantamento de mastros, entoarem
os de cortejos e os desfiles, revivem o que aprenderam com seus ancestrais e
demonstram sua forma de expressão de fé e de devoção aos santos. Nas performances,
eles buscam relembrar também o congado, que é a dança típica ou ritual de
devoção aos santos, com características e ritos da cultura africana.
Os ternos de Catopês têm
importantes características próprias, com roupas brancas, diferentes de outros
grupos que se destacam pelas vestes azuis, rosas e vermelhas; todas as cores em
homenagem aos santos, ainda em sua composição os Catopês possuem os capacetes sempre
bem enfeitados com fitas coloridas, miçangas e penas de pavão, tudo para
agradar o santo de devoção. O objetivo maior dos enfeites e das roupas é levar
alegria ao povo, demonstrando fé e devoção aos santos que, para eles, são os
donos da festa, tudo é feito em nome deles.
O grupo segue uma
tradição que foi passada de geração a geração. Nessa tradição, revivem-se todos
os anos os momentos distintos que expressam os valores na crença que o grupo
tem na festa, algo que ao longo do tempo foi-se passando e até chegar aos dias
de hoje, de lá até hoje são mais de cem anos, fazendo do passado um momento
histórico utilizado no presente que se prepara sempre para o futuro.
O objetivo do trabalho
foi desenvolver e mostrar a riqueza que é o patrimônio cultural que Montes
Claros tem: os Catopês. Com eles, podemos ver a religiosidade e a cultura
juntas dando um salto grande à sua própria valorização, sem deixar enfraquecer
a história que é revivida ano após ano. A tradição do grupo Catopês é um
exemplo da necessidade de se preservar o passado em sua diversidade,
convertendo-se em algo de bastante valia para uma cidade. O trabalho tem ainda
o objetivo de fornecer informações que agregam a religiosidade, a cultura e a
preservação do patrimônio da cidade, para que o grupo dos Catopês possa somente
crescer como o que tem feito ano a ano, independente das dificuldades
encontradas ao longo da caminhada secular na cidade, sempre respeitando o
divino e o sagrado amplamente representado nas três divindades e no senhor Jesus
Cristo, mentor de tudo e de todos.
Temos uma diversidade
de indicações para trabalhos futuros: os momentos; as composições que têm uma
grande extensão dentro do grupo; os cantos; as músicas, junto dos seus
instrumentos com o qual fazem um verdadeiro espetáculo. A relação que o grupo
de Catopês tem com a Secretaria de Cultura e com a prefeitura da cidade de
Montes Claros, como eles decidem a data, como funciona o setor financeiro dos
grupos são temáticas com muitos desdobramentos.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Palma. Cadernos de Agosto: 28º Festival
Folclórico de Montes Claros. Montes Claros, MG, editora Secretaria de
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e Fitas. Montes Claros, MG, 1ªed,
p.09-58, 2009.
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MENDONÇA,
Raquel. Arte e Cultura, outubro de
2011. Disponível em:
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. Acesso em 13 de
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