Não é o desconhecimento de ninguém que a grande massa carcerária no
Brasil, principalmente na Bahia, é formada por um grande contingente de pessoas
negras. Num pais onde políticas públicas de educação, saneamento básico, saúde,
transporte, cultura e lazer inexiste nas nos bairro e comunidades onde a população
negra habita, não se poderia esperar por uma estatística mais otimista.
Os meios de comunicação têm sistematicamente noticiado casos parecidos
com os dos Irmãos Naves, um grave erro judiciário acontecido em 1937, na cidade de Araguari, em Minas Gerais. Tem sido recorrente no país, principalmente
nas comunidades pobres, pessoas serem levadas para a prisão e condenadas sem realmente
ter cometido os crimes dos quais são acusadas. O mais trágico nisso tudo é que
90% das vítimas desses erros são da raça negra. Uma
tragédia que se repete no sistema judiciário do país.
Os principais noticiários
das emissoras de TVs do pais vem incansavelmente alertando sobre a prisão de pessoas
inocentes. E pesquisa mostram que 92% dessas pessoas são vítimas de maus
policiais, que prendem pessoas, pressupostamente suspeita de algum crime, sem
qualquer critério probatório. Desconfia-se
que assim agem para receber gratificações para atingirem metas por prisões
efetuadas. Levadas a julgamento, se o réu ou a ré é negra dispensam-se peças
essenciais e outras ações legais, que poderiam provar a sua inocência. Com
isso, os presídios cada vez mais recebem um número preocupante de pessoas
negras inocentes.
O telejornal, Bom Dia Brasil voltou a exibir o caso do
vendedor ambulante de SP que ficou preso um mês sem ter cometido crime algum. Outros exemplos de injustiça foram exibidos, e
em todos as vítimas eram pessoas negras. Essas aberrações da justiça causou a
indignação do ancora Chico Pinheiro, que fez um desabafo emocionado. Um dos
casos mostrados, na quarta-feira, 05/04, foi
mostrado o caso do vendedor ambulante de
São Paulo que ficou um mês preso sem ter cometido crime.
Um
policial civil, fora da sua jurisdição de serviço, baseando-se nas
informações da esposa, que teve o celular roubado, deu voz de prisão ao
ambulante e o levou preso para outra cidade, onde ocorreu o roubo, a 30 km da
residencial do suposto ladrão. A esposa do policial, em princípio, ficou em
dúvida, mas certamente para que o marido policial não passasse por autoritário,
acabou por declarar reconhecer o inocente como o autor do roubo do seu
celular. O triste drama do ambulante Wilson
Rosa, que não é isolado, passou uma temporada na cadeia até ser definitivamente
provado a sua inocência.
Eu
ilustro esse lamentável episódio como bônus da minha afirmativa de que os
conselhos, centros, unidades, secretarias e comissões da igualdade racial e ou
de defesa do negro não passam e latrinas politiqueiras, e nada tem a ver com a
pauta que apregoam. Nenhuma liderança de movimentos negros prefigura como defensores
das negras vítimas de injustiça e de erro judicial.
Esse
caso se tornou notório em São Paulo, mas nenhuma liderança dos movimentos
negros se levantou para ir em defesa do ambulante. Isso ocorreu por meio de um
advogado voluntário sensibilizado com o drama que a família do ambulante estava
vivendo. E olha que em Sampa não existe somente o lixo dos lixos chamado
Movimento Negro Unificado, MNU. Existem centenas de outras porcarias do mesmo
quilate com a pseuda proposta de defender os direitos legítimos da Raça Negra.
Mas o que ocorre, na verdade, é que seus líderes não passam de um bando de
vendilhões da raça agrilhoado aos politiqueiros seus patrões e senhores.
Cerca
de 89% dos defensores públicos ou defensores voluntários das pessoas negras, vítimas
de injustiça judicial, não tem quaisquer vínculos com as entidades ditas de
defesa do negro ou da igualdade racial. E nenhum desses defensores também são
negros ou negras. Isso denota a ineficácia, inercia, omissão e inutilidade dos
movimentos negros e das latrinas politiqueiras espalhadas pelo Brasil afora.
Junta
nessa lama politicalha a Comissão da
Igualdade Racial da OAB/RJ, reconhecida com justiça como a latrina mor de
todas outras latrinas politiqueiras, devido a sua total omissão diante aos
genocídios de jovens negros promovidos por forças policiais, e outras mazelas
lançadas contra a negritude, no Rio de Janeiro, sem qualquer ação jurídica
tomada por seus gestores.
Outras duas
latrinas, no Rio de Janeiro, com os mesmos teores de dejetos politiqueiros, que
nada fizerem e nada fazem em prol da negritude, – e cujas existências pressupõe
esse propósito – são o CEDINE, Conselho Estadual dos Direitos dos Negros, e o
COMDEDINE, Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negros. Dois lixos que
envergonham a Causa Negra fluminense por seus gestores serem relhes capitães do
mato pós-modernos e mucamas de gabinetes do presidiário Sergio Cabral e
quadrilha e, também, do futuro presidiário Eduardo paz e quadrilha. Seus patrões e sinhozinhos.
– CEDINE?
COMDEDINE? Não sei do que se trata não. Por aqui nunca apareceram. –
Respondeu uma líder comunitária do Morro do Boréu, na Tijuca, zona norte do Rio
ao ser indagada sobre a participação daqueles dois lixos nas atividades sociais
da comunidade.
A ineficiência
dessas entidades e dos seus gestores mostra-se ao tirar proveito de ações das
quais não tiveram quaisquer participações. Nos projetos nas comunidades e periferias
em que jovens negros são inseridos em programas sociais de músicas, dança,
teatro, audiovisual, artes em geral, não se vê nenhuma ação do CEDINE, do
COMDEDINE ou dos movimentos negros fluminense. Essa súcia para justificar
aos governos e aos seus senhores e sinhazinhas dos partidos políticos, o que
não realizam, desavergonhamente buscam tirar proveitos dessas ações.
– Os
caras dos movimentos negros só parecem por aqui em época de eleição com seus
políticos brancos e, também, para tirar fotografias e publicar nas páginas
sociais, como se o projeto que os gestores culturais, brancos, desenvolvem
aqui, fossem deles.
– Desabafa uma professora negra, do Complexo da Maré, conjunto de favelas da
zona norte do Rio, de grande contingente negros.
Essas atitudes de má fé, desonestidade e
de usurpação alheia é recorrente também nos Quilombos e comunidades onde é
grande o contingente negro, e as ações sociais e culturais são promovidas por
gestores sem quaisquer vínculos com os movimentos negros e com as entidades
ditas oficiais de defesa do negro e da igualdade racial.
Sem legitimidade, sem propostas, programas e projetos para findar ou
pelo menos amenizar as agruras impostas aos negros e negras no Brasil, essa
velha e conhecida turminha dos movimentos negros emergem de suas
insignificâncias apenas para apregoarem discursos panfletários que, para a
negritude, resulta em nada e leva a lugar nenhum.
A luta – se é que se pode chamar
essa mesmice de luta – dos movimentos negros
ao longo das últimas quatro décadas, tem sido somente para criar um modelo de
vitimização do negro. Vítima da
sociedade, vítima do estado, vítima do sistema, vítima do poder branco, vítima
da extrema direita e outros subterfúgios panfletários. A negritude é vítima sim, mas da ausência do
poder e de políticas públicas nas comunidades em que habita.
Sendo o movimento negro o defensor
dos interesses do negro não poderia direcionar sua luta nesse sentido? Não
são eles que gerenciam as
coordenações, comissões, centros, secretarias, departamentos e núcleos de
defesa do negro e ou da igualdade racial?
Eu permaneço nas críticas e denúncias devido as incomensuráveis
aberrações e mazelas lançadas contra a negritude brasileira. Aberrações e
mazelas usadas por essa velha e conhecida turminha para promover as tais
mentirosas conquistas históricas, que
lhes rendem cargos públicos e outros benefícios pessoais.
E motivações para essa turminha mostrar trabalho é o que não faltam.
Em 04 de Maio de 2015 enviei uma carta manifesto intitulado Cracolândia.
As Senzalas Pós-Modernas, em
que eu mostrava a omissão dos movimentos negros sobre o contingente negro, de
homens, mulheres e crianças, vivendo em condições sub-humanas nas Cracolândias
do Rio e de São Paulo. Relatei a ausência do poder público diante da situação e
a promiscuidade gananciosa de ONGs, que recebiam verbas privadas e do estado
para desenvolverem projetos e programas de erradicação das Cracolândia, e nada
estava sendo feito.
Recebi dezenas de mensagens ameaçadoras e ofensivas de segmentos dos
movimentos negros. As cracolândias continuam promovendo a decadência humana de
cidadão, cidadão e de crianças negras e, também, fomentando rendas para aqueles
e aquelas que usam essa tragédia para suas hediondas causas próprias.
E não é somente nas cracolândias que a negritude padece e reque ações
dos movimentos negros. E nada acontece vindo dessa velha e conhecida turminha.
Nesse Domingo, 02/04/201702/04/2017,
o Fantástico fez uma reportagem sobre uma senhora negra chamada Silvia que vivia na Cracolândia, em São Paulo, região que ela
conheceu desde criança e onde virou assaltante e, aos 18, foi presa e condenada
a 25 anos. Ao sair, ela só conseguiu
trabalho no tráfico. Depois de 40 anos
de vida, Sílvia se perdeu nas drogas, virou uma pessoa irreconhecível e
ganhou um apelido: a 'Bruxa da Cracolândia', devido ao seu aspecto deflagrado.
A vida da Dona Silvia mudou
consideravelmente até que, segundo palavras dela – um anjo branco apareceu para mim mudando completamente a minha vida.
Para a melhor. Esse anjo branco e
a jovem estudante, Fernanda, da classe média paulista, que levou Dona Silvia
para uma casa clínica de tratamento e, em seguida, para uma casa de acolhimento.
Doma Silvia estudou, completou os estudos fundamental e médio e está cursando a
faculdade de direito. E sentiu-se com uma criança ao conhecer a praia pela
primeira vez ao cinquenta e poucos anos.
Bastou a ação solitária de uma pessoa para que a
vida da Dona Silvia tomasse um outro rumo.
Quantas entidades dos movimentos negros existem
somente no Rio de Janeiro e em São Paulo? Por que não tomaram e nem tomam
nenhuma atitude em relação às cracolândias? Ou – Não é
assunto nosso!!! Que resultado e ou
legado os movimentos negros têm conquistado para a Causa Negra e para a Causa
Quilombola? Não me venham com papo de cotas raciais. Elas representam uma
humilhação sem precedentes para a negritude. As cotas raciais não representam
nenhuma conquista.
Ao contrário das críticas
– acompanhadas de ameaças que recebo – eu não pertenço a nenhum grupo político
ou força reacionária do poder branco da
extrema direita, segundo um dirigente, da CUT/SP, em e-mail raivoso
dirigido a mim.
Minhas mensagens são
enviadas para mais 15 mil endereços eletrônicos do meu mailing pessoal; mais de
40 listas de diversos grupos de entidades religiosas, de capoeira, de mulheres,
universidades, da diversidade sexual, culturais, artísticas e sociais das quais
sou inscrito; para vereadores, parlamentares
estaduais, federais e senadores, de todos os partidos; para dezenas de
entidades dos direitos humanos; para a assessoria de imprensa e de comunicação
do STF; PF; MPF; MPE; TCU; emissoras de rádio, TVs, e redações da imprensa em
geral, totalizando mais de 62 mil pessoas.
Recebo semanalmente mais
de 1.200 mensagens de todo o pais de críticas, elogios e sugestões. Também
recebo inúmeras ofensas e ameaças. Há também convites para palestras e debates
em universidades, terreiros, centros de direitos humanos, etc., das quais
agradeço o convite, mas não participo.
Sou apenas, e exerço esse
meu direito, um cidadão negro cansado de ver os legítimos direitos da sua raça ser
usurpada pelos seus iguais.
Iguais, que sob a égide
dos movimentos negros se apresentam como defensores da Causa Negra e da Causa
Quilombola, mas agem em causa própria e pelos interesses políticos dos seus
senhores e sinhazinhas dos partidos políticos.
Deles e delas criou-se um
nova ordem racial: as do capitães do
mato pós-modernos e das mucamas de gabinetes.
Abraços a todos.
Flávio Leandro
Cineasta,
Professor de Produção Audiovisual, Professor de Produção Teatral.
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