domingo, 27 de julho de 2008

OEA aprovou resolução sobre orientação sexual e identidade de gênero

OEA aprovou resolução sobre orientação sexual e identidade de gênero


No marco da celebração dos 60 anos da Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA), a 38° Assembléia Geral do organismo aprovou por consenso a resolução "Direitos Humanos, Orientação Sexual e Identidade de Gênero", AG /RES-2435 (XXXVIII-O/08), apresentada pela delegação do Brasil.
Depois de três dias de intensa negociação e de uma impressionante mobilização diplomática, pela primeira vez na história do hemisfério as palavras orientação sexual e identidade de gênero constam em um documento com o consenso dos 34 países das Américas, informaram, em um comunicado, integrantes do Movimento Lésbico, Gay, Bissexual, Transexual, Transgênero, Travesti e Intersexual (LGBTTTI) e pessoas aliadas presentes na sessão onde foi aprovado o documento.
A resolução, que reconhece a grave situação de violações a direitos humanos que enfrentam as pessoas por causa de sua orientação sexual e identidade de gênero, coloca ao Sistema regional das Américas como o segundo, depois do europeu, em reconhecer a importância de manifestar um claro compromisso político por parte dos Estados membros e de assumir a realidade da exposição a violações de direitos humanos enfrentada pelas pessoas LGBTTTI.
Esse documento, sem precedentes na região, foi produto do consenso que incluiu os países do Caribe inglês, em cujas legislações ainda se criminalizam as relações sexuais entre pessoas adultas do mesmo sexo, afirma o comunicado.
A resolução, consideram os integrantes do movimento LGBTTTI, representa um passo à frente no processo de trabalho em torno do projeto de Convenção Interamericana Contra o Racismo e Toda Forma de Discriminação e Intolerância, cuja negociação continuará próximo ano, avançando sobre o texto rascunho que inclui a orientação sexual e a identidade e expressão de gênero como categorias protegidas.
Fonte: Adital Notícias – www.adital.com.br

11º Encontro das Américas de Cultura e Capoeira e 6º Festival de Cantigas de Capoeira

11º Encontro das Américas de Cultura e Capoeira e 6º Festival de Cantigas de Capoeira
No ano passado, o carnavalesco Joãosinho Trinta se emocionou diante de uma apresentação do Grupo Raízes do Brasil, no Teatro Sílvia Cançado, da Escola Americana, a ponto de prometer ao mestre Ralil, fundador da entidade, que realizaria os cenários da próxima apresentação. O resultado dessa luxuosa contribuição pode ser conferido no próximo sábado, na Sala Martins Pena, do Teatro Nacional, com a festa de encerramento do 11º Encontro das Américas de Cultura e Capoeira e o 6º Festival de Cantigas de Capoeira. O evento, que tem início amanhã, reúne capoeristas do Brasil e do mundo numa série de atividades ao longo da semana. “Nós o convidamos e, para nossa surpresa, ele foi e adorou”, emociona-se mestre Ralil. “Ele disse que nunca tinha visto harmonia tão grande em cima de um palco. Gostou tanto que prometeu nos presentear com a criação de um cenário”, recorda.

A parceria vem acompanhada de dupla comemoração com o tombamento, na terça-feira passada, em Salvador, da capoeira como o mais novo patrimônio da cultura brasileira. A decisão foi acolhida por unanimidade pelo conselho consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Esse reconhecimento veio a calhar, pois legitima o incentivo e apoio do governo à nossa cultura”, comenta Ralil. “O curioso é que se criou o conceito de que a capoeira nasceu na África e não é verdade. É uma manifestação genuinamente nossa, difundida hoje em mais de 120 países. Então essa ação busca preservar ainda mais o que é nosso”, defende.

Na semana do Encontro, um festival de manifestações populares como capoeira, maculelê, bumba-meu-boi, e maracatu, entre outras, darão o tom da festa em alguns pontos da cidade informalmente. Palestras, aulas e um festival de cantigas também estão na agenda. Tudo com entrada franca, com exceção da festa de encerramento, no Teatro Nacional. “É um evento de caráter esportivo, educativo, social e cultural, mostrando que temos um compromisso sério com a sociedade há mais de 20 anos”, frisa mestre Ralil, que já abriu filiais do Raízes do Brasil em nove países e em 110 cidades brasileiras. “Temos realizado importante trabalho entre as comunidades carentes, dando origem à formação de professores e mestres”, enfatiza.

Aberto apenas a membros do grupo, o 6º Festival de Cantigas de Capoeira ocorre na quarta e quinta-feira, na Associação de Pessoal da Caixa Econômica Federal (APCEF). Mas o público pode marcar presença na platéia, com entrada gratuita. Os três primeiros vencedores participarão da gravação do segundo CD de cantigas produzido pela entidade e que deve ser lançado ainda este ano.

Na grande festa a ser realizada na Sala Martins Pena, nove cenários criados pelo mestre do carnaval Joãosinho Trinta apresentam a diversidade cultural por meio de manifestações populares como a própria capoeira e ainda puxada de rede, jongo e frevo, entre outras. “Todos os cenários trazem perspectivas em três dimensões, cada um deles com representações simbólicas dos números apresentados. No da capoeira, por exemplo, ele (Joãosinho), projetou um grande mosaico com 1,60m de largura e 6m de altura”, detalha.

Segundo mestre Ralil, o ponto alto do encerramento será a apresentação de uma orquestra de berimbaus, composta por 40 integrantes que tocarão o Hino Nacional.

11º encontro das américas de cultura e capoeira e 6° festival de cantigas de capoeira

De amanhã a sábado, com festa de encerramento na Sala Martins Pena, às 20h. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Censura livre. Informações: 3326-2925.
Programação

Hoje

A partir das 10h, chegada dos capoeiristas à sede do Grupo Raízes do Brasil (703 Norte, Bl. A)

Amanhã

Rodas de capoeiras, treinos e ensaio do show de encerramento (na APCEF)

Quarta

Rodas e treinos; às 18h, palestra sobre primeiros socorros; e às 20h, eliminatórias do Festival de Cantigas de Capoeira (na APCEF)

Quinta

Às 15h, aula de percussão (na APCEF); às 18h, palestra sobre a Importância da Capoeira como Símbolo Nacional; às 21h, final do Festival de Cantigas

Sexta
Às 9h, batizado de capoeira na Vila Planalto; às 14h, ensaio geral na Sala Martins Pena; às 20h, mesa-redonda com mestres de capoeira

Sábado

Às 20h, encerramento, na Sala Martins Pena.
Fonte: Comunicação Social MinC - 21/07/2007

sábado, 12 de julho de 2008

oficial no Estado o Hino à Negritude

Torna oficial no Estado o Hino à Negritude. O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus representantes,decretou e eu, em seu nome, promulgo a seguinte Lei: Art. 1º Fica oficializado no Estado o Hino à Negritude, deautoria do Professor Eduardo de Oliveira, registrado sob o nº137, a fls. 74 do Livro 17, na Escola Nacional de Música daUniversidade Federal do Rio de Janeiro, e com letra constante noAnexo desta Lei. Parágrafo único. O Hino à Negritude deverá ser entoado nassolenidades oficiais relacionadas com a raça negra. Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, aos 10 de julho de2008; 220º da Inconfidência Mineira e 187º da Independência doBrasil. AÉCIO NEVES Danilo de Castro Renata Maria Paes de Vilhena Maria Eleonora Barroso Santa Rosa Simão Cirineu Dias ANEXO (a que se refere o art. 1º da Lei nº 17.626, de 10 de julhode 2008) Hino à Negritude (Cântico à Africanidade Brasileira) Letra e música: Professor Eduardo de Oliveira Sob o céu cor de anil das Américas Hoje se ergue um soberbo perfil. É u'a imagem de luz Que, em verdade, traduz A história do negro no Brasil. Este povo, em passadas intrépidas, Entre os povos valentes se impôs! Com a fúria dos leões Rebentando grilhões Aos tiranos se contrapôs! Bis Ergue a tocha no alto da glória Quem herói nos combates se fez, Pois que as páginas da História São galardões aos negros de altivez! (Refrão) II Levantando no topo dos séculos, Mil batalhões viris sustentou Este povo imortal Que não encontra rival, Na trilha que o amor lhe destinou. Belo e forte, na tez cor de ébano, Só lutando se sente feliz. Brasileiro de escol Luta de sol a sol Para o bem de nosso País. Bis Ergue a tocha no alto da glória Quem herói nos combates se fez, Pois que as páginas da História São galardões aos negros de altivez! (Refrão) III Dos Palmares, os feitos históricos São exemplos da eterna lição Que, no solo tupi, Nos legara Zumbi, Sonhando com a libertação. Sendo filhos também da mãe África, Aruanda dos Deuses da Paz. No Brasil, este axé Que nos mantém de pé Vem da força dos Orixás. Bis Ergue a tocha no alto da glória Quem herói nos combates se fez, Pois que as páginas da História São galardões aos negros de altivez! (Refrão) IV Que saibamos guardar estes símbolos De um passado de heróico labor. Todos numa só voz, Bradam nossos avós: Viver é lutar com destemor! Para frente marchamos impávidos Que a vitória nos há de sorrir. Cidadãs, cidadãos, Somos todos irmãos Conquistando o melhor porvir! Bis Ergue a tocha no alto da glória Quem herói nos combates se fez, Pois que as páginas da História São galardões aos negros de altivez! (Refrão)FONTE: www.almg.gov.br

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Edson Cardoso Há 27 anos a militância na questão racial

Edson Cardoso, vida e profissão entregue à militância pela igualdade racial
Há 27 anos a militância na questão racial tem sido prioridade na vida de Edson Lopes Cardoso. Ele nasceu no ano de 1949, em Salvador, cidade que é referência na cultura afro-brasileira. Mas é em Brasília que Edson marca, na história do país, a luta pela igualdade racial.

Brasília - Não, não é apenas aos 31 anos que Edson Cardoso adquire uma consciência negra ou se torna um militante. Desde antes, o estudante Edson já era bastante participativo. "Sempre fui uma pessoa engajada no sentido de estar procurando fazer as coisas e viver numa ditadura. Eu fiz segundo grau num colégio extremamente participante, em 1969, num colégio da Bahia", conta ele. E a consciência não tem data. "Num país que te discrimina, que é racista e que você pertence ao grupo discriminado, você não pode dizer que não tem consciência da opressão. É claro que você tem!", explica.

Mas Edson data de 1980 a sua entrega à militância contra o racismo, quando chega em Brasília e conhece os ativistas do Movimento Negro Unificado (MNU) no Distrito Federal. "Eu trabalhava no CNPq, na Revista Brasileira de Tecnologia e lá eu conheci o Elmodad, que era uma pessoa da comunicação e filiado ao Movimento Negro Unificado aqui no DF", conta. A partir do contato que fez com outros militantes do MNU, Edson foi progressivamente se entregando a essa causa, de forma a se dedicar a ela, ininterruptamente, até hoje. Certa vez, após uma reunião em Brasília, uma militante do MNU, Jacira Silva, perguntou a Edson se ele tinha consciência da importância dele para as outras pessoas. E essa pergunta lhe chamou a atenção. "A partir daí, eu vou tomar consciência de que estudar, ler sobre a história do negro e participar eventualmente de uma reunião ou outra não era suficiente. E que as pessoas à minha volta esperavam de mim uma participação a mais", explica ele.

A vida de Edson mostra bem a diferença que há entre ter consciência de algo e ser militante. "Ter consciência não significa ser militante, não é sinônimo de ser militante. A partir de 1980, eu me disponho a ser um ativista, isso é diferente. Não é tomada de consciência, é decidir-se pela militância, pelo ativismo", explica.

Edson é poeta e também jornalista. Formou-se em Letras e fez mestrado em Comunicação na Universidade de Brasília. Sair do campo da literatura e ir para o jornalismo foi, de certa forma, uma exigência da militância. Editou o jornal Raça & Classe, em 1987, quando trabalhava na Comissão do Negro do Partido dos Trabalhadores, criada por ele mesmo no DF. Depois se desliga do PT e, em 1989, edita o jornal do MNU. Em 1996, Edson cria o Ìrohìn, no qual trabalha até hoje. "A gente consegue, numa primeira fase dele, tirar cinco edições. Ele ficou de 1996 a 1999 com muita dificuldade. E aí nós conseguimos retomar o número seis só em 2004", conta Edson. Ìrohìn significa "notícia", na língua africana iorubá. O jornal, que também tem a versão on line, é alimentado pelo trabalho de jornalistas colaboradores em várias cidades do país.

A militância é pautada não só na divulgação de informações, mas também na formação e na mobilização. Oficinas e palestras são constantes em sua agenda. Edson foi ainda o principal articulador da Marcha Zumbi dos Palmares, em 1995, e da Marcha Zumbi + 10, em 2005. Trabalhar por 12 anos no Congresso Nacional foi outro período importante na militância de Edson. "Eu posso dizer que foi uma contribuição significativa, ou seja, você, como assessor, pode cotidianizar o tema, falar do tema todo o dia, que foi o meu papel", considera Edson, que foi assessor de relações raciais na Câmara e no Senado - foi assessor para relações raciais do senador Paulo Paim (PT-RS), além de trabalhar como chefe de gabinete de deputados negros no Congresso Nacional.

Tudo na vida de Edson está permeado pela militância. Casado com Regina Adani, tem duas filhas, chamadas Ianê e Tana, nomes de origem africana. "Eu vou construir minha família com aspectos relacionados à militância e de algum modo vai ser sempre assim, quer dizer, minhas filhas pequenas foram para encontros, para congressos", conta ele. Edson pretende voltar a Salvador, mas ainda não tem data para isso. Mesmo que Edson deixe Brasília, a sua entrega à militância pela igualdade racial é, como ele mesmo diz, irreversível. Conheça o Jornal Ìrohìn: http://www.irohin.org.br

Por Marília Matias de Oliveira, Especial para o Portal Palmares