quinta-feira, 11 de março de 2010

MANIFESTO EM DEFESA DOS TERRITÓRIOS QUILOMBOLAS

Manifesto publicado na pagina da ABA

FSM 2010-PORTO ALEGRE-RS
OFICINA DEFESA DOS TERRITÓRIOS QUILOMBOLAS E COMUNIDADES
TRADICIONAIS E IMPACTOS INSTITUCIONAIS.
QUILOMBOLAS, ATIVISTAS DO MOVIMENTO NEGRO E MOVIMENTO
SOCIAL presentes na retro referida oficina, proposta pelo MNU Nacional em Parceria
com o Ministério Público Estadual/RS e Comissão de Direitos Humanos da ALERGS,
após depoimentos de representantes de comunidades quilombolas de SC, RS e PR na
presença de uma centena de participantes após intervenção das entidades presentes na
mesa, destacando MNU-Nacional, AKANI, IACOREQ, GT-QUILOMBOLA MNURS,
APNs, foi aberta para inscrições para manifestação dos participantes, com intensa
participação dos mesmos ressaltando a participação dos membros da Nova Cartografia
Social dos Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil que, generosamente, fez o
registro da reunião, representantes da Rede Puxirão do Paraná, Federação Quilombola
do Paraná, representantes das quatro comunidades quilombolas urbanas de Porto
Alegre, representantes de três comunidades quilombolas de Santa Catarina,
representantes da CPT, aproveitamos para registrar nosso agradecimento a Socióloga
Simone Rita que também, generosamente, documentou em ata as intervenções e ainda
ao Ministério Público Estadual Parceiro na realização da oficina propiciando o Espaço e
Estrutura para realização da Oficina, enriquecida ainda com a contribuição de uma
centena de ativistas, destacando ainda a presença da Antropóloga Miriam Chagas do
MPF, da Antropóloga Raquel Mombeli do NUER, Emanuel Almeida Farias Junior
Mestre em Antropologia e José Carlos Vandersen cabe ainda Registrar uma ausência
total dos representantes governamentais convidados para essa atividade pelo Ministério
Público Estadual. Em Síntese apresentamos o Manifesto e encaminhamentos acordados
ao final da reunião para o conjunto do Movimento Social em anexo
MANIFESTO
Considerando que no Balanço de 10 anos do FSM-2010 em Porto Alegre as
Comunidades Quilombolas tem muito pouco a comemorar, e esse pouco se dá graças a
luta insistente e cotidiana das comunidades quilombolas pois se aprofundam cada vez
mais os ataques aos territórios negros, Quilombolas, Comunidades Tradicionais e
Indígenas em todo País.
Considerando provém de todas as esferas de Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário)
como demonstram a retirada de pauta do Decreto de Desapropriação para reconhecimento
da Comunidade Quilombola da Invernada dos Negros em SC sem
qualquer explicação plausível, publicação esta que estava prevista para 20 de novembro
de 2009.Considerando a negociata em torno do Estatuto da Igualdade Racial com a retirada da
temática Quilombola privilegiando os interesses do Agronegócio.
Considerando a falta de controle efetivo por parte do movimento social e baixíssima
executividade orçamentária dos parcos recursos referente a temática Quilombola.
Considerando a demora para implementação e execução dos processos de titulação das
comunidades Quilombolas, bem como, e a existência de Ação Direta de
Inconstitucionalida de atacando patrocinada pelo DEM atacando o Decreto 4487/2003,
bem como, o Projeto de Decreto Legislativo da lavra do Deputado Valdir Collato
(PMDB-SC) também atacando o Decreto 4887/2003.
Considerando que as Comunidades vem resistindo como demonstram as mobilizações
existentes no final do ano passado com ocupação do INCRA como ocorridos em SC,
RJ, Salvador Bahia, MG as mobilizações no RS, interrupção de BRs como no EspíritoSanto.
Considerando que o conflito vem se acirrando existindo varias lideranças Quilombolas
ameaçadas de morte, presas, perseguidas e assassinadas como ocorrido na Comunidade
dos Alpes – Quilombo Urbano em Porto Alegre-RS.
Considerando que tais fatos em especial a demora na implementação das Políticas
Públicas e na Titulação das Comunidades expõem as Comunidades a um agravamento
da situação de opressão e exploração já existentes e que tal situação não é fruto de mero
desmando administrativo mas de uma opção política a favor dos interesses do
agronegócio e contrários aos interesses das comunidades tradicionais.
Considerando a necessidade de avançarmos na resistência, rompermos o isolamento,
articularmos a unidade para luta em defesa dos territórios Quilombolas e que para
construirmos um outro Mundo sem Racismo, Exploração, Opressão, Xenofobia e
Intolerância só se concretizará com luta e mobilização, os ativistas sociais, militantes do
Movimento Negro, Quilombolas presentes na Oficina Defesa dos Territórios
Quilombolas e Comunidades Tradicionais e Impactos das Políticas Institucionais
realizada das 14h às 20h do dia 26 de Janeiro de 2010 no Auditório do Ministério
Público, Praça da Matriz, Porto Alegre nº 110.
Deliberamos:
1- Lançamento do Movimento Nacional em Defesa da Titulação e
Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Quilombolas.
2- Agenda de Mobilização e Articulação do Movimento nos Estados com Plenárias
Estaduais entre os dias 21 e 31 de Março de 2010.
3- Indicativo para o dia 22 de Abril de 2010 – Dia de Jornada de Luta Quilombola.
(Atos nos Estados, Ida a Brasília para agenda com o STF e Congresso Nacional).
Contra o Racismo Institucional
Em defesa do Decreto 4887/2003
Pelo indeferimento da ADIN do DEM
Pela retirada de pauta e arquivamento do Decreto Legislativo do Deputado Valdir
Collato do PMDB de SC.Pela Titulação Imediata das Terras de Quilombo.

O futuro da antropologia está em sua capacidade de exorcizar a "diferença"
e torna-la consciente e explícita.
Roy Wagner, The invention of culture, 1975
Carlos Eduardo Marques - Professor da Faculdade de Ciências Jurídicas da FEVALE/UEMG
Membro do Núcleo de Estudos em Populações Quilombolas e Tradicionais da
UFMG (NUQ/UFMG)
Membro do Grupo de Trabalho Quilombos da Associação Brasileira de Antropologia
(GT Quilombos/ABA)

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