Raquel Trindade
“É preciso sentir para entender”, diz sabiamente a pesquisadora, folclorista e artista plástica Raquel Trindade, enquanto ensina aos alunos, com participação dos músicos Vitor da Trindade, Manuel Trindade e Adailson Jacobina e das dançarinas Carla Magalhães e Elis Sibere, ritmos africanos contagiantes. A primeira aula do curso de formação ICAB – Identidade Cultural Afro-brasileira, para 50 professores da rede municipal e de creches conveniadas, em 23/2010, na EM Mellone, é no mínimo uma feliz coincidência com o Dia da Consciência Negra que se aproxima (20/11) e que incentiva a programação mensal dedicada à negritude em todo o País.
Raquel é a autoridade máxima no assunto na cidade e comanda o Teatro Popular Solano Trindade, que tem o mesmo nome de seu pai, outro incansável divulgador da cultura negra. Com o curso, o Governo da Cidade de Embu das Artes atende determinação da Lei nº 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana na Educação do Ensino Fundamental e Médio. A lei é uma conquista de muitos movimentos, porém não há professores preparados.
Comunidades negras costumam dizer que o modo de ensinar do mestre despreparado acaba fortificando preconceitos em vez de dissipá-los. É o caso, por exemplo, de professores que ainda estão presos a teorias consideradas racistas do conde Gobineau (1816-1882) e Nina Rodrigues (1862-1906), um dos precursores do estudo sobre o negro no Brasil, com pensamentos científicos que buscam tornar o negro subalterno ao branco, inferior.
Há estudiosos preocupados com o cumprimento correto da lei, a exemplo de Kabengele Munanga, antropólogo, doutor professor da Universidade de São Paulo (USP), que em entrevista ao Jornal a Tarde, em Salvador, declarou que a forma como está sendo ensinada a História da África é preocupante. Segundo ele, deve se definir o conteúdo da historiografia colonial, considerar a África como um continente com civilização e não apresentá-la, como no caso do conflito do Quênia, como continente de guerras tribais. Alerta que o seu país não é só tribo, mas o berço da humanidade de onde surgiram grandes civilizações.
A história do professor, nascido na República Democrática do Congo, antigo Zaire, em plena 2ª Guerra (1942), e que conheceu o mar no mesmo dia em que entrou no Doutorado, em faculdade na Bélgica, com 29 anos, se confunde com a de outros negros no mundo. E ao adotar o Brasil, onde vive desde 1980, o primeiro, literalmente, antropólogo do Congo também colabora para os esclarecimentos sobre o assunto e melhora do ensino no País.
Curso de Raquel Trindade é inédito
Não existem livros didáticos, falta material pedagógico com conteúdo prejudicando a formação de qualidade dos educadores. A forma de ensino adotada por Raquel Trindade é inédita, combina teoria e prática, e revela o seu amplo conhecimento e a necessidade de sensibilizar os educadores fazendo-os sentir na pele a riqueza dessa cultura, por meio da expressão corporal, da dança.
A aluna do curso Afro Ana Lucia Massensini, da EM Iodoque Rosa, no Engenho Velho, trabalha a africanidade com seus alunos usando o livro de Raquel. A grande mestra ao iniciar o curso no Mellone abordou a história desde os primórdios da civilização – “que começou na África”. Falou de ideogramas, símbolos, gráficos, de Australopiteco, que viveu na África e deu origem ao Homo Habilis, o primeiro primata, Homo Erectus, Homo Sapiens e Neanderthal.
“Distorceu-se a história africana, a cultura negra é chamada de primitiva, esquecendo-se das grandes civilizações”, diz Raquel. Durante todo o curso, ela falará da África pré-colonial, sua história religiosa, política e social, da Lei Áurea e dará uma versão que poucos conhecem sobre a existência das comunidades negras nas favelas. Terá a responsabilidade de treinar professores que se esforçam para entrar no ritmo.
“É preciso sentir para entender”, diz sabiamente a pesquisadora, folclorista e artista plástica Raquel Trindade, enquanto ensina aos alunos, com participação dos músicos Vitor da Trindade, Manuel Trindade e Adailson Jacobina e das dançarinas Carla Magalhães e Elis Sibere, ritmos africanos contagiantes. A primeira aula do curso de formação ICAB – Identidade Cultural Afro-brasileira, para 50 professores da rede municipal e de creches conveniadas, em 23/2010, na EM Mellone, é no mínimo uma feliz coincidência com o Dia da Consciência Negra que se aproxima (20/11) e que incentiva a programação mensal dedicada à negritude em todo o País.
Raquel é a autoridade máxima no assunto na cidade e comanda o Teatro Popular Solano Trindade, que tem o mesmo nome de seu pai, outro incansável divulgador da cultura negra. Com o curso, o Governo da Cidade de Embu das Artes atende determinação da Lei nº 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana na Educação do Ensino Fundamental e Médio. A lei é uma conquista de muitos movimentos, porém não há professores preparados.
Comunidades negras costumam dizer que o modo de ensinar do mestre despreparado acaba fortificando preconceitos em vez de dissipá-los. É o caso, por exemplo, de professores que ainda estão presos a teorias consideradas racistas do conde Gobineau (1816-1882) e Nina Rodrigues (1862-1906), um dos precursores do estudo sobre o negro no Brasil, com pensamentos científicos que buscam tornar o negro subalterno ao branco, inferior.
Há estudiosos preocupados com o cumprimento correto da lei, a exemplo de Kabengele Munanga, antropólogo, doutor professor da Universidade de São Paulo (USP), que em entrevista ao Jornal a Tarde, em Salvador, declarou que a forma como está sendo ensinada a História da África é preocupante. Segundo ele, deve se definir o conteúdo da historiografia colonial, considerar a África como um continente com civilização e não apresentá-la, como no caso do conflito do Quênia, como continente de guerras tribais. Alerta que o seu país não é só tribo, mas o berço da humanidade de onde surgiram grandes civilizações.
A história do professor, nascido na República Democrática do Congo, antigo Zaire, em plena 2ª Guerra (1942), e que conheceu o mar no mesmo dia em que entrou no Doutorado, em faculdade na Bélgica, com 29 anos, se confunde com a de outros negros no mundo. E ao adotar o Brasil, onde vive desde 1980, o primeiro, literalmente, antropólogo do Congo também colabora para os esclarecimentos sobre o assunto e melhora do ensino no País.
Curso de Raquel Trindade é inédito
Não existem livros didáticos, falta material pedagógico com conteúdo prejudicando a formação de qualidade dos educadores. A forma de ensino adotada por Raquel Trindade é inédita, combina teoria e prática, e revela o seu amplo conhecimento e a necessidade de sensibilizar os educadores fazendo-os sentir na pele a riqueza dessa cultura, por meio da expressão corporal, da dança.
A aluna do curso Afro Ana Lucia Massensini, da EM Iodoque Rosa, no Engenho Velho, trabalha a africanidade com seus alunos usando o livro de Raquel. A grande mestra ao iniciar o curso no Mellone abordou a história desde os primórdios da civilização – “que começou na África”. Falou de ideogramas, símbolos, gráficos, de Australopiteco, que viveu na África e deu origem ao Homo Habilis, o primeiro primata, Homo Erectus, Homo Sapiens e Neanderthal.
“Distorceu-se a história africana, a cultura negra é chamada de primitiva, esquecendo-se das grandes civilizações”, diz Raquel. Durante todo o curso, ela falará da África pré-colonial, sua história religiosa, política e social, da Lei Áurea e dará uma versão que poucos conhecem sobre a existência das comunidades negras nas favelas. Terá a responsabilidade de treinar professores que se esforçam para entrar no ritmo.
Programa do curso 30/10 – Diáspora africana-escravidão/aquecimento/coco do Nordeste e londu colonia
l6/11 – Aula teórica: revolta dos malês e quilombo dos Palmares/ jongo mineiro: Fluminense e Serrinha
13/11 – O negro nas artes desde o Brasil Colonial – líderes negros. Aula prática: maracatu
20/11 – Religiões de matrizes africanas – sincretismo religioso afro-europeu-americano. Aula prática: dança afro
27/11 – Aula teórica: costumes, cozinha e farmácia popular – Influência das línguas africanas do português no Brasil/maracatu
4/12 – História do bumba-meu-boi / Bumba-meu-boi pernambucano
11/12 – Oficinas de Adereços do boi e maracatu/dança
Novas inscrições
O curso Afro continua todos os sábados (30/10; 6, 13, 20 e 27/11 e 11/12), das 8 às 12h, na Escola Municipal Mellone (Rua Professor Cândido Mota Filho, 150, Jardim Sílvia, tel. 4704-0655).
Serão formadas novas turmas e os interessados devem fazer inscrições
pelo e-mail educacao@embu.sp.gov.br, com cópia para elainebaron@ig.com.br,
constando nome, cargo/função, unidade em que atua, telefone e e-mail.
O curso é considerado inédito no conteúdo e na aplicação.
Elke Lopes Muniz
27/10/2010
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