Neste março de 2008, o Brasil comemora os 200 anos da chegada da Família Real Portuguesa ao país, em especial a cidade do Rio de Janeiro, onde ocorreu o desembarque e instalação da Corte. Neste contexto, as comemorações programadas são as mais diversas e, praticamente, todas com o patrocínio governamental, sendo o ponto (talvez) mais relevante das comemorações a missa de reabertura da Igreja do Carmo, onde a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro investiu uma fábula de dinheiro para a sua recuperação. Ninguém pode se posicionar contra tal medida, mesmo porque trata-se de uma das Igrejas mais belas da cidade.
Contudo, a Tri-Secular Imperial Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos em DESAGRAVO a todos os que amam a verdadeira história da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil vem a público manifestar o seu total inconformismo com tamanha desfaçatez.
Em 08 de março de 1808, o Príncipe Regente Dom João deslocou-se com toda a Corte à Igreja desta Imperial Irmandade onde funcionava há 70 anos a então Catedral da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, onde realizou-se um TE DEUM em agradecimento pelo sucesso da viagem.
Logo, a missa em agradecimento pela viagem não foi na Igreja do Carmo, mas na nossa Igreja, situada na Rua Uruguaiana, 77, no Centro do Rio de Janeiro. Nesta oportunidade, o cabido (cônegos) da Igreja quis impedir que os negros da Irmandade, fundada e composta por escravos libertos e alforriados, recebessem o Príncipe Regente à porta da Igreja, trancafiando-os no interior de sua própria Igreja. Os irmãos da Irmandade, fingindo-se conformados, já utilizando-se do “jeitinho brasileiro” conseguiram se desvencilhar da prisão provisória recebendo o Príncipe Regente Dom João à frente dos cônegos com cânticos e louvores. Tal imagem está consagrada em tela a óleo de Armando Viana no Museu da Cidade, assim como, reconhecido por historiadores renomados do país (Revista História da Biblioteca Nacional, edição número 28).
Que se promova a recuperação arquitetônica e artística da belíssima Igreja do Carmo e até de tantas outras obras arquitetônicas históricas do país é mais que desejável. Entretanto, não podemos concordar com a mudança do fato histórico. Em um país onde a sua própria história é, pela maioria da população, desconhecida o Poder Público modifica o contexto da chegada da Família Real Portuguesa ao Rio de Janeiro.
Nossa Irmandade, fundada em 1640, teve participação efetiva em fatos históricos do país, tendo sido a nossa Igreja SEDE DO SENADO no período do Império e de onde partiu o manifesto para o “FICO” de Dom Pedro. Ignorar tais fatos é atentar contra a história do Brasil.
No dia 08 de março de 2008, às 11 horas nossa gloriosa Irmandade realizou, de forma independente, um RITUAL RELIGIOSO em comemoração à chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil e, em especial ao Rio de Janeiro e neste templo da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos. Para tanto, contou com o apoio do Círculo Monárquico do Rio de Janeiro e com as presenças do Chefe da Casa Imperial do Brasil, SUA ALTEZA DOM LUIZ DE ORLEANS E BRAGANÇA e nobre família. Diante do exposto, a Imperial Irmandade, de forma entusiasta, agradece a todos que participaram do ato religioso, bem como aqueles que repassarem e divulgarem esta NOTA DE DESAGRAVO.
NOTA DE DESAGRAVO (NA INTERNET E EM PAPEL DISTRIBUÍDO NA IGREJA) DA IRMANDADE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO E SÃO BENEDITO DOS HOMENS PRETOS
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