quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Aumenta distância entre brancos e negros no acesso à educação, segundo análise do IBGE

Aumenta distância entre brancos e negros no acesso à educação, segundo análise do IBGE
Hiato entre brancos e pretos e pardos com superior completo aumenta entre 1997 e 2007
Em 2007, a taxa de freqüência a curso universitário para estudantes entre 18 e 25 anos de idade na população branca (19,4%) era quase o triplo da registrada entre pretos e pardos (6,8%). Quadro que se repetia, com pouca variação, em todas as regiões.
Nesse nível de ensino, em todas as idades entre 18 e 25 anos, os estudantes pretos e pardos não conseguiram alcançar em 2007 a taxa de freqüência que os brancos tinham dez anos antes. Nesse intervalo de tempo, a diferença a favor dos brancos, em vez de diminuir, aumentou, passando, por exemplo, de 9,6 pontos percentuais, aos 21 anos de idade, em 1997, para 15,8 pontos percentuais em 2007.
Essas desigualdades se expressam nas informações referentes a pessoas com ensino superior concluído, que apresentam níveis bastante diferentes entre brancos e pretos e pardos, quadro que também tem se agravado. Em 1997, 9,6% dos brancos e 2,2% dos pretos e pardos tinham nível superior completo no país; em 2007, esses percentuais eram, respectivamente, de 13,4% e 4,0%. Ou seja, o hiato entre os dois grupos, que era de 7,4 pontos percentuais em 1997, passou para 9,4 em 2007.
Analfabetismo funcional cai mais entre pretos e pardos, mas desigualdade se mantém
Também em relação às taxas de analfabetismo, analfabetismo funcional e freqüência escolar, verificam-se diferenças significativas. Em números absolutos, em 2007, dos pouco mais de 14 milhões de analfabetos brasileiros, quase 9 milhões eram pretos e pardos. Em termos relativos, a taxa de analfabetismo da população branca era de 6,1% para as pessoas de 15 anos ou mais de idade, sendo de mais de 14% para pretos e pardos, ou seja, mais que o dobro da dos brancos.
Em relação à taxa de analfabetismo funcional, houve redução mais expressiva para pretos e pardos que para brancos, entre 1997/2007. Mas a desigualdade em favor dos brancos se mantém: em 2007, a taxa de analfabetismo funcional para essa população (16,1%) era mais de dez pontos percentuais menor que a de pretos e pardos (27,5%) – sendo que essa taxa dos pretos e pardos ainda está mais alta do que as dos brancos de dez anos atrás.
Uma outra maneira de enfocar a questão é observar a distribuição por cor ou raça da população que freqüenta escola com idades entre 15 e 24 anos. Na faixa de 15 a 17 anos de idade, cerca de 85,2% dos brancos estavam estudando, sendo que 58,7% destes freqüentavam o nível médio, adequado a esse grupo etário. Já entre os pretos e pardos, 79,8% freqüentavam a escola, mas apenas 39,4% estavam no nível médio. Por outro lado, enquanto o percentual de brancos entre os estudantes de 18 a 24 anos no nível superior era de 57,9%, o de pretos e pardos era de cerca de 25%.
A média de anos de estudo da população de 15 anos ou mais também continua a apresentar uma vantagem de em torno de dois anos para brancos (8,1 anos de estudos) em relação a pretos e pardos (6,3), diferença que vem se mantendo constante.
Com 12 anos ou mais de estudo, rendimento-hora dos brancos é 40% maior que o de pretos e pardos
As conseqüências das desigualdades educacionais se refletem nos rendimentos médios dos pretos e pardos, que se apresentam sempre menores (em torno de 50%) que os dos brancos. Mesmo quando são considerados os rendimentos-hora de acordo com grupos de anos de estudo, em todos eles os brancos são favorecidos, com rendimentos-hora até 40% mais elevados que os de pretos e pardos, no grupo com 12 ou mais anos de estudo.
A distribuição das pessoas por cor ou raça entre os 10% mais pobres e entre o 1% mais rico mostra que os brancos chegavam a pouco mais de 25% dos mais pobres e a mais de 86% entre os mais ricos. Por sua vez, os pretos e pardos são quase 74% entre os mais pobres e só correspondem a pouco mais de 12% dos mais ricos. As variações desses percentuais por grandes regiões, embora reflitam as diferenças de distribuição por cor na população como um todo, mantêm as desigualdades.
Há, também, uma diminuição sistemática do percentual de pretos e pardos à medida que aumentam os décimos de rendimentos, com crescimento constante da participação dos brancos. No primeiro décimo, onde estão os mais pobres, aparecem quase 15% da população preta ou parda e apenas pouco mais de 5% dos brancos, sendo que no último décimo, o do mais ricos, esses valores se invertem, encontrando-se quase 16% dos brancos e apenas pouco mais de 4% dos pretos e pardos.

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