sexta-feira, 20 de março de 2009

Dos nossos estudos temos que a palavra capoeira não é africana


A CAPOEIRA

Dos nossos estudos temos que a palavra capoeira não é africana. Ela vem do tupi kapu’era e possui dois significados. Designa tanto mato ralo ou roçado, como a gaiola onde eram transportados pequenos animais.
Vale lembrar que a capoeira era praticada como luta por negros escravos em busca da liberdade e não se pode deixar de observar que o jogo da capoeira não existe e nem é praticada em terras africanas. É comum dividir a história em três períodos: escravidão, marginalidade e ensino nas academias.
Escravidão: a capoeira, uma forma de luta teria se disfarçado em dança para iludir e contornar a proibição de sua prática por parte de brancos feitores e senhores de engenho.
Marginalidade: após a abolição da escravatura, em 1888, ex-escravos capoeiristas não teriam encontrado lugar na sociedade e caíram na marginalidade, levando consigo a capoeira que acabou proibida por lei.
Ensino nas academias: na década de trinta foi revogada a lei que proibia a prática e abriram-se as primeiras academias em Salvador: a capoeira saiu das ruas - e da marginalidade - e começou a ser ensinada e praticada em recintos fechados.
A capoeira é uma luta atlética, de destreza, baseada em esquivas (aos lutadores é vedado segurar ou bloquear qualquer golpe), cuja finalidade é derrubar o adversário pelo desequilíbrio. Surgiu no Brasil presumivelmente no século XVI, entre os descendentes de escravos bantos procedentes de Angola. O acompanhamento musical, usado ainda hoje na capoeira, teria servido para mascarar as verdadeiras intenções dos escravos: exercitar-se para enfrentar, em época oportuna, o braço armado do branco.
Alvo de constantes perseguições policiais por todo o país até as primeiras décadas do século XX, a capoeira sobreviveu a todas as restrições e passou a despertar progressivo interesse de instituições esportivas e de aficionados de todas as classes sociais. 
Em 1973 institucionalizou-se como prática desportiva regulamentada.
As competições de capoeira se realizam em quatro modalidades: individual, duplas, conjunto e equipes. Os golpes desferidos pelos lutadores, também ditos jogadores ou atletas, se classificam em três grupos: os livremente permitidos, os permitidos sob controle e os proibidos. A luta tem início quando a bateria, como são chamados aqueles que tocam os instrumentos, assim o sinaliza. O som de instrumentos de percussão, entre os quais predomina o berimbau, e das palmas ritmadas dos circunstantes pontua ritmicamente toda a luta. Para o bom desenvolvimento do atleta e a correta prática do esporte é essencial: a técnica, a defesa, a eficiência, a objetividade, a resistência, a aplicação de golpes, a vestimenta, o ritual, o ritmo, os toques e cânticos. Suas variáveis são: a angola e a regional.

CAPOEIRA ANGOLA

A capoeira de angola nasceu na senzala, nasceu do desejo de liberdade e da consciência de que manter o corpo forte ajudaria a manter a mente sã. Nasceu mesclada ao candomblé e como ele, desde cedo, foi cercada de segredo. O segredo não existe para, depois da revelação, se reduzir a um conteúdo de informação. O segredo é a dinâmica de comunicação, de redistribuição de axé, de existência e vigor das regras do jogo. A luta não é a violência ou a força que entram em jogo, mas as artimanhas, a astúcia, a coragem e o poder de realização (axé) implicados. Na capoeira angola o ritual do batismo é muito importante, pois marca o momento em que o aluno passa a ser “integrante do grupo”. Adquire assim, o dever de proteger o grupo e direito de ser protegidos por ele. Na angola, todos são irmãos e não se admite sentimentos de inveja ou de depreciação. O atleta mais fraco fica feliz de saber que terá a seu lado alguém mais forte e capaz, pois significa proteção. Por outro, o mais forte é imbuído de sentimentos protecionistas para com os outros e considera sua responsabilidade ensinar e auxiliar os demais membros da comunidade. As brigas e rusgas entre jogadores são rápidas e superficiais e invariavelmente terminam em risadas e gozações.
O batismo é dividido em duas partes: secreta e pública. A secreta acontece, normalmente dentro da academia, sem a presença de público. Participam somente aqueles que serão batizados. A parte pública acontece com a presença do público em geral. Nela o aluno joga com um mestre convidado que será seu padrinho. Ele tem o objetivo de derrubar o atleta no chão. Assim que isto acontece, o padrinho o puxa o afilhado pela mão colocando-o rapidamente em pé (em uma alusão de que a partir daquele momento o grupo sempre o levantará), coloca em sua cintura o cordel e diz a todos o seu “apelido” (alcunha pela qual passará a ser reconhecido a partir daquele momento). Este apelido é escolhido anteriormente e leva em consideração características pessoais do atleta. Na angola, os capoeiras se vestem de branco (o abada), resquício da época onde o capoeira para provar ser bom, entrava e saía da roda com a roupa impecavelmente limpa. O jogo é rasteiro, lento mas não menos preciso ou mortal. Os atletas ficam agachados, quietos, esperando sua vez de jogar. “O segredo da capoeira morre comigo e com muitos outros mestres” - dizia Mestre Pastinha, que foi o maior nome da capoeira angola, somente igualado por Mestre Besouro, figura mito da capoeira de angola, morto aos vinte e sete anos de idade e cantado até hoje em rodas de todo o Brasil. “Nossos movimentos não tem pressa de chegar, mas quando chegam é de forma harmoniosa. É um diálogo de corpos. Eu venço quando meu parceiro não tem mais respostas para minhas perguntas” - Mestre Pastinha. O maior nome da capoeira angola é Vicente Ferreira Pastinha, o Mestre Pastinha, que nasceu no dia 05/04/1899 em Salvador e faleceu no Pelourinho em 1981.

MESTRE JOÃO GRANDE E MESTRE JOÃO PEQUENO, GUARDIÕES OFICIAIS DA CAPOEIRA ANGOLA


CAPOEIRA REGIONAL

A capoeira regional é uma roda alegre onde os capoeiras aguardam sua vez de jogar batendo palmas ao ritmo da música. Os regionais mantêm o corpo mais ereto e desferem golpes mais velozes e com maior quantidade de saltos. Sua origem é diversa da de angola. A história da capoeira regional é a história de como o crime se tornou esporte. De 1890 a 1937, a capoeira foi considerada crime previsto pelo Código Penal da República. Simples exercícios na rua davam até 6 meses de prisão. Diziam que um dos castigos que davam a capoeiristas que fossem pegos brigando era amarrar um dos punhos num rabo de cavalo e outro em outro cavalo. Os dois eram soltos e postos para correm em disparada até o quartel, sendo que isso já havia causado algumas mortes. A situação de perseguição dura até a década de trinta, quando começa a ser ensinada em academias. Foi para reverter esse quadro que o baiano Manoel dos Reis Machado, um angoleiro forte e valente conhecido como Mestre Bimba, inventou uma nova capoeira. Teve o cuidado de tirar a palavra do nome da academia que fundou em 1932 em Salvador, o “Centro de Cultura Física e Luta Regional”. Filho de um campeão de batuque, uma espécie de luta-livre comum na Bahia do século XIX, juntou técnicas de boxe e do jiu-jitsu e criou um método de ensino. Para fugir de qualquer pista que lembrasse a origem marginalizada da capoeira, mudou alguns movimentos, eliminou a malícia da postura do capoeirista, colocando-o de pé. Criou um código de ética rígido que exigia até higiene. Estabeleceu uniforme branco e se meteu até na vida privada de seus alunos. “Para treinar com meu pai era preciso provar que estava trabalhando ou mostrar o boletim do colégio” - conta Demerval dos Santos Machado, conhecido como “Formiga” nas rodas de capoeira e organizador da “Fundação Mestre Bimba” ao lado do irmão, Mestre Neneu. Até hoje, angoleiros e regionais se criticam mutuamente, embora se respeitem. O maior mérito de Mestre Bimba foi o de transformar a capoeira, antes instrumento de ataque e defesa marginalizado, em esporte que granjeou muitos adeptos com a inclusão de novos golpes e mulheres - até então excluídas das rodas. O que caracteriza a capoeira regional é sua “seqüência de ensino”, uma série de exercícios físicos completos e organizados em um número de lições práticas e eficientes, a fim de que o atleta obtivesse, dentro do menor espaço de tempo possível, o valor da luta como um sistema de ataque e defesa. Este método proporciona um rápido aprendizado de golpes, esquivas e quedas. O atleta torna-se, rapidamente, eficaz na arte da luta mas torna-se carente no preceito e na tradição, na concepção da honra, lealdade, humildade e companheirismo. O batizado na regional tem por objetivo testar os conhecimentos de quem está sendo batizado e a iniciação do aluno. O ritual foi inventado por Mestre Bimba, que na época e entregava um lenço de seda ao discípulo, baseado no costume dos antigos valentões de Salvador de protegerem o pescoço com um pedaço de seda para que a navalha do inimigo escorregasse. Este costume, influenciado pelas faixas coloridas das artes marciais orientais, inspirou os cordões da capoeira. “O capoeira nunca joga um contra o outro, mas com o outro. Assim, ele se prepara para enfrentara vida lá fora” - Mestre Bimba. O maior nome da capoeira regional Manoel dos Reis Machado, o Mestre Bimba, que nasceu dia 23/11/1900 em Salvador e faleceu no dia 05/02/1974 em Goiânia.


MÚSICA

A musicalidade é fator marcante na capoeira. Utilizada como disfarce no início dos tempos, a música envolve e dita o ritmo aos atletas. O berimbau assume o papel de maestro, que comanda a orquestra, conhecida como "bateria". As músicas, conhecidas como "ladainhas" contam histórias e lamentos e no decorrer dos anos, mantêm a história viva. A luta pela liberdade de um povo, que luta atualmente pela liberdade de preconceitos e por novas oportunidades de vida. A seguir, descrição dos instrumentos:

PANDEIRO

O pandeiro é um instrumento de percussão, próprio para marcar ritmos. Compõe-se de armação circular de madeira, com aberturas espaçadas em que se colocam uma ou mais rodelas de metal chamadas “soalhas” enfiadas de arames. Uma das bases é recoberta por uma pele esticada. Quando se vira o instrumento, ou nele se bate com a palma da mão, as soalhas chocam-se entre si, produzindo som característico.
Trata-se de um instrumento muito antigo, já conhecido dos romanos e árabes, cujos pandeiros não tinham pele. No Brasil, trazido pelos portugueses, o pandeiro fazia parte da primeira procissão de Corpus Christi, realizada na Bahia, em 13 de junho de 1549. Depois de ter sido esquecido após a metade do século XIX, voltou a ter uso intensivo em rodas de capoeiras, escolas de samba e nos conjuntos rítmicos, espalhando-se de novo por todo o país.

ATABAQUE

O atabaque foi muito difundido na África, mas, foi trazido para o Brasil por "mãos portuguesas". Num primeiro momento, o atabaque era usado em festas religiosas. Por algum tempo, foi abolido das rodas de Capoeira. Para Bimba, era uma forma das pessoas não acharem que a Capoeira tinha elementos do candomblé. É geralmente feito de madeira de lei como o jacarandá, cedro ou mogno cortada em ripas largas e presas umas às outras com arcos de ferro de diferentes diâmetros que, de baixo para cima dão ao instrumento uma forma cônico-cilíndrica, na parte superior, a mais larga, são colocadas "travas" que prendem um pedaço de couro de boi bem curtido e muito bem esticado.

RECO-RECO
O reco-reco é um instrumento utilizado, tradicionalmente, na Capoeira Angola. Reco-reco antigamente não é como os de hoje, era feito com o fruto da cabaceira (mesmo da cabaça do berimbau), das que fossem cumpridas, então era serrado, na superfície, fazendo-se vários cortes, não muito profundos, um do lado do outro, onde era esfregado a baqueta, como nos reco-reco dos dias de hoje. Hoje são feitos de gomos de bambu ou de madeira.

AGOGÔ
Instrumento de origem africana composto de um pequeno arco, uma alça de metal com um "cone" metálico em cada uma das pontas, estes "cones" são de tamanhos diferentes, portanto produzindo sons diferentes que também são produzidos com o auxílio de um ferrinho que é batido nos "cones". O agogô é um instrumento, tradicionalmente, utilizado na Capoeira Angola.

BERIMBAU

O berimbau é um arco de madeira específica, de mais ou menos um metro e meio, cujas extremidades são ligadas. De um lado fica a cabaça, que é presa por um cordão. Utiliza-se uma moeda ou dobrão e uma vareta (baqueta) que ao tocar o fio produz sons diferentes. Sua origem é desconhecida, mas sua utilização está ligada aos primeiros registros de capoeiristas. Conta Mestre Pastinha que o berimbau também era usado como arma. Os capoeiras colocavam uma faca na ponta do instrumento e atacavam os policiais que os perseguiam. Nesses momentos, o berimbau transformava-se em foice de mão. Os berimbaus são de três tipos: "viola" (agudo), "médio" (solo) e "berra-boi" (grave), determinados pelo tamanho da cabaça.
No jogo da Capoeira Angola, são utilizados três berimbaus. Os toques característicos desse estilo são os seguintes: São Bento Pequeno, Angola e São Bento Grande. Na Capoeira Regional de Mestre Bimba, utiliza-se apenas um berimbau. O toque de São Bento Grande (diferente do toque de São Bento Grande de Angola) é o mais característico da Capoeira Regional. Os toques é que ditam o estilo do jogo, o ritmo em que deve ser jogado. Ditam também quem deve jogar. O toque de iúna, por exemplo, é só para mestres (Bimba, em geral, não formava mestres e sim alunos e só estes últimos é que podiam jogar na iúna) e, segundo relatos, foi criado para homenagear mestres que já morreram. No entanto, no Rio de Janeiro só jogam os mestres quando iúna é tocado. Ditam também como deve ser jogada a Capoeira, por exemplo, o toque Santa Maria que deve ser jogado sem colocar as mãos no chão.

PARTES DO BERIMBAU

BAQUETA: a baqueta ou vaqueta é uma vara de madeira com cerca de 40 centímetros de comprimento, sendo fina ou grossa. Alguns capoeiristas passam verniz na baqueta.
CABAÇA: é a caixa de ressonância. Feita com o fruto da cabaceira, árvore comum no Norte e no Nordeste, pode ser oval (coité) ou pode ser formada por duas partes, quase que arredondadas, interligadas. Depois de seca e cortada, tiram-se as sementes antes de ser lixada.
CAXIXI: é uma pequena cesta de palha, com fundo de couro, usada como chocalho. Tem de 10 a 15 centímetros de altura, cerca de 6 centímetros de diâmetro na base (essas medidas variam) e um recheio de sementes, pedrinhas ou pequenos búzios.
CORDA: já foi um cipó, um fio de latão, um arame de cerca e mais recentemente, fios de aço retirados de pneus. O mais comum, hoje, é usar o aço vendido em carretéis.
DOBRÃO: nome tomado da moeda de 40 réis, é uma peça de cobre com aproximadamente 5 centímetros de diâmetro. No entanto, utiliza-se também pedra-sabão ao invés do dobrão .

Capoeiristas históricos
Grandes nomes do universo da capoeiragem
Mestre Bimba
Mestre Pastinha
Bentinho
Mestre João Pequeno
Mestre Eziquiel
Besouro Mangangá
Manduca da Praia
Madame Satã
Mestre Suassuna
Mestre Camisa
Camafeu de Oxossi
Mestre Celso Carvalho Nascimento
Mestre Burguês
Toques de capoeira

Berimbaus. Da Esquerda para direita: Viola, Médio e Gunga ou Berra-Boi
Os diferentes ritmos utilizados na capoeira, como tocados no berimbau, são conhecidos como toques; estes são alguns dos toques mais comumente utilizados:
Angola
São Bento Grande de Bimba
São Bento Grande de Angola
São Bento Grande
São Bento Pequeno
Iúna
Cavalaria
Samango
Santa Maria
Benguela
Amazonas
Idalina
Regional de Bimba


O que é a Capoeira? É dança? É jogo? É luta? É tudo isso ao mesmo tempo? Parece que sim, e é isso que a torna tão complexa, tão rica, tão surpreendente. É luta, "das mais violentas e traiçoeiras", dissimulada, disfarçada em "brinquedo", jogo de habilidade física, astúcia, beleza... e muita malícia!


O jogo da Capoeira numa das antigas rodas da Bahia.

A Capoeira é uma manifestação da cultura popular brasileira que reúne características muito peculiares:
1. É um misto de luta–jogo–dança;
2. O ritmo e as características do jogo são regidos pelo toque do berimbau, instrumento preponderante na orquestra de capoeira (que inclui também o pandeiro, o atabaque, além do agogô, o reco-reco, o adufe etc.)
3. Os cânticos (às vezes acompanhados de palmas) também têm função importante na determinação do tipo de jogo.
4. É um excepcional sistema de auto-defesa e treinamento físico, destacando-se entre as modalidades desportivas por ser a única originariamente brasileira e fundamentada em nossas tradições culturais.
O espaço em que se pratica a capoeira é a roda, um círculo em torno do qual se sentam (ou apenas se agacham) os praticantes. Junto à entrada da roda ficam os instrumentos, com o(s) berimbau(s) ao centro, comandando a roda. Todos os participantes devem saber tocar os instrumentos, de modo que possam revezar-se na função, permitindo assim que todos tenham sua vez de jogar. As palmas são responsabilidade daqueles que estão sentados assistindo, esperando sua vez de jogar, acompanhando sempre o ritmo ditado pelo berimbau. Todos devem responder em coro aos versos cantados. Uma boa roda de capoeira acontece quando todos os envolvidos, ainda que poucos, estiverem participando com vontade, dando corpo ao acompanhamento musical e aumentando assim a motivação daqueles que jogam.
A Capoeira é um complexo cultural riquíssimo; quando nós, brasileiros, tivermos realmente deixado de ser os “suicidas culturais” que por vezes ainda somos, e tivermos então aprendido a dar o devido valor às mais genuínas criações de nossa própria cultura, certamente a capoeira será considerada como um diamante dos mais cotados entre os produtos culturais do povo brasileiro. Segundo Francisco Pereira da Silva, estudioso sério de nosso folclore, "nenhum fato relacionado com a cultura popular brasileira terá suscitado tanto e tão prolongado debate quanto a Capoeira. Sua procedência, a origem do nome, as implicações na ordem social, determinaram discussões que até tempos recentes incitaram os espíritos. Etimologistas, antropólogos, folcloristas, historiadores, têm participado na pugna literária com os seus pareceres, testemunhos ou palpites. Enquanto isso, ia a polícia 'contribuindo' com o argumento velho do chanfalho e pata de cavalaria..."
A Capoeira já foi motivo de grande controvérsia entre os estudiosos de sua história, sobretudo no que se refere ao período compreendido entre o seu surgimento – supostamente no século XVII, quando ocorreram os primeiros movimentos escravos de fuga e rebeldia – e o século XIX, quando aparecem os primeiros registros confiáveis, com descrições detalhadas sobre sua prática. A primeira grande questão que se colocava aos estudiosos era: a Capoeira surgiu na África ou no Brasil? Atualmente, considera-se esta questão como já resolvida. Tem-se hoje a convicção de que a capoeira é, de fato, uma manifestação cultural genuinamente brasileira. Tudo leva a crer que ela seja uma invenção dos africanos no Brasil, desenvolvida por seus descendentes afro-brasileiros. É brasileira, mas de raiz cultural africana. Tem ela uma história acidentada, pontilhada de episódios vexatórios e truculentos. Perseguida desde o começo, no caldeirão que misturou as várias etnias que formam o nosso povo, ganhou fama de má prática, coisa de malandros, larápios, “vadios”. A perseguição durou até a década de 1930, quando, graças principalmente ao trabalho de Mestre Bimba – “o Lutero da Capoeira” – e seus discípulos, inaugurou-se a fase de efetiva sistematização do ensino da capoeira e de seu reconhecimento social, assim como o de todas as outras manifestações culturais de matriz africana. O nome de Mestre Pastinha também se destacou nesta fase, permanecendo ambos – Mestre Bimba e Mestre Pastinha – como os dois maiores heróis lendários da capoeira.
Dizem, hoje, os mestres mais sábios que é o equilíbrio entre as duas melhores características de um e outro – a explosão do puro guerreiro, por um lado, e a poesia do movimento, por outro – aquilo que todo capoeirista deveria procurar atingir, sempre!
AS ORIGENS
O dr. Ângelo Augusto Decânio Filho (Mestre Decânio), o mais idoso "Filho de Bimba" ainda vivo, decano da Capoeira Regional, médico e filósofo, pesquisador da capoeira, contribuiu recentemente com interessantes observações sobre a questão da origem da capoeira. Estudando os ritmos do candomblé, percebeu que o ritmo básico de Logunedê ("...no disco de Luiz da Muriçoca...") corresponde às batidas do pandeiro na capoeira; trocando informações com o pesquisador Pierre Verger (Fatumbi Verger), ouviu deste: "uma tarde... ouvindo mestre Waldemar ao berimbau... enquanto o auto-falante da praça irradiava um toque Ijexá... percebi nitidamente a identidade dos ritmos." Podemos concluir, com eles, que," o candomblé é a fonte mística, donde brota a magia da capoeira, observaram ainda similitudes entre os movimentos da capoeira e os movimentos das danças rituais do candomblé, e outras semelhanças: no candomblé, o ritmo dos atabaques é o nexo entre "os Orixás e o Vodunce", assim como na capoeira, o estilo do jogo acompanha a musicalidade do toque, é a musicalidade do toque, que impõe o tom do jogo.
Prosseguindo em suas investigações, constataram a presença do berimbau no antigo Congo Belga (atualmente o Zaire), território dos bantos. Este fenômeno – a união de um ritmo Ijexá a um instrumento musical banto –, ponderaram eles, só pode ter sido gerado em presença amistosa dos elementos primários, o que não foi possível na África, considerando o distanciamento geográfico e cultural das duas nações;
"... na Bahia houve o encontro dos dois povos... uma aproximação mais íntima, pacífica, ao calor dum inimigo comum e duma escravidão compartilhada!"
Assim, conclui mestre Decânio, "...o Recôncavo Salvadorenho foi o cadinho onde se fundiu a 'liturgia musical' que há de unir os homens na alegria da capoeira."
“A capoeira é o processo complexo constituído pela fusão ou caldeamento de fatores de várias origens: 1. dos africanos herdamos os movimentos rituais fundamentais do candomblé: dos iorubás recebemos o ritmo ijexá e a rima tonal a cada três estrofes, enquanto os bantos nos ofereceram o berimbau, o instrumento fundamental; 2. os portugueses nos doaram, através da dança popular da chula, o uso do improviso (chula), do pandeiro e da viola; 3. os brasileiros forneceram a nomenclatura dos movimentos, os temas dos cantos (fundo cultural literofilosófico popular), o ritual, os métodos de ensino, as modificações fonéticas dos termos usados nos cantos.
"No Brasil, a fusão de elementos africanos aos fatores locais (portugueses e indígenas) originou, a partir do ritmo ijexá, uma família de manifestações culturais, cuja raiz comum lhes empresta uma similitude rítmica e coreográfica (...)"
Parece-nos evidente que a capoeira reúne todos estes componentes originais, o que lhe outorga uma excepcional riqueza artística, melódica e dinâmica; um enorme potencial evolutivo e, finalmente, uma gama intensa de aplicações esportivas, coreográficas, terapêuticas, pedagógicas, etc., que abrange desde o simples jogo às franjas das artes marciais e da defesa pessoal.”
Contudo, apesar da fonte mística do candomblé, é absolutamente leiga a arte da capoeira, jogo de destreza corporal destinado a treinar física e mentalmente os escravos para os embates da sua luta de libertação.
A Capoeira nasceu e cresceu aqui, sob as condições da escravidão. Atesta-o o princípio que funda a luta, o da dissimulação, que faz evitar o confronto direto e a torna muito mais perigosa, muito mais traiçoeira.

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O TERMO CAPOEIRA:
Sobre o nome Capoeira, é Francisco Pereira da Silva quem nos informa:
"Sempre se teve em consideração que este jogo de destreza corporal se constituía na arma com que os escravos fugidos se defendiam contra os seus naturais perseguidores, os escravocratas, representados na figura famigerada do capitão-do-mato. A luta geralmente se travava no mato, onde os pretos se homiziavam. Que tipo de mato era esse? A capoeira." (vernaculização do tupi-guarani caá-puêra: caá = mato, puêra = que já foi) "Assim, tem-se por melhor definição aquela (...) que vem no Dialeto Caipira de Amadeu Amaral: 'Capuêra, s. f. – mato que nasceu em lugar de outro derrubado ou queimado.'
Desta sorte, capoeira (forma culta de capuêra, mato), arena das primeiras escaramuças dos escravos rebeldes, teria sido o termo adotado para denominar a luta física nacional: a capoeira."
"Acontece, porém, que se trata de uma palavra de acepções numerosas, e por uma delas se designa um tipo de cesto ou gaiola de uso na guarda e transporte de galináceos. Dizem que os escravos conduziam capoeiras de galinhas ao mercado, e enquanto não se abriam as portas aos mercantes ficavam os crioulos a se distraírem no pátio exercitando o corpo no "brinquedo" terrível que havia de se tornar tão famoso. Isto acontecia no Rio de Janeiro, e o filólogo Antenor Nascentes é de opinião que, por efeito metonímico, o nome do tal balaio passou a designar também o jogo atlético e o indivíduo que o pratica. Temos, assim: capoeira = capoeirista, o lutador; e capoeira = a luta, o jogo de agilidade corporal. Por capoeiragem devemos entender: o ato de jogar a capoeira. Poderá assim o leitor optar por uma ou outra destas duas versões. São as mais plausíveis."
Instrumentos
O acompanhamento musical da capoeira, desde os primórdios até nossos dias, já foi feito pelo berimbau, pandeiro, adufe, atabaque, ganzá ou reco-reco, caxixi e agogô. No presente, é comum vê-la acompanhada por berimbau, pandeiro, atabaque (nem sempre), caxixi e agogô (nem sempre).
Têm esses instrumentos procedências as mais diversas.

BERIMBAU

Atualmente, é o principal instrumento musical da capoeira. É o único que, numa roda de capoeira, pode figurar sozinho, sem os demais instrumentos. Os afro-brasileiros o usavam em suas festas, e sobretudo no samba de roda, como até hoje ainda se vê. Henry Koster, pesquisador inglês, quando viajou pelo nordeste do Brasil, observou e descreveu essas festas, que incluem o berimbau entre os instrumentos utilizados, como se pode ver no seguinte trecho: – “Os negros livres também dançavam, mas se limitavam a pedir licença e sua festa decorria diante de uma das suas choupanas. As danças lembravam as dos negros africanos. O círculo se fechava e o tocador de viola sentava-se num dos cantos, e começava uma simples toada, acompanhada por algumas canções favoritas, repetindo o refrão, e freqüentemente um dos versos era improvisado e continha alusões obcenas. Um homem ia para o centro da roda e dançava minutos, tomando atitudes lascivas, até que escolhia uma mulher, que avançava, repetindo os meneios não menos indecentes, e esse divertimento durava, às vezes, até o amanhecer. Os escravos igualmente pediam permissão para suas danças. Os instrumentos musicais eram extremamente rudes. Um deles é uma espécie de tambor, formado de uma pele de carneiro, estendida sobre um tronco oco de árvore. O outro é um grande arco, com uma corda tendo uma meia quenga de côco no meio, ou uma pequena cabaça amarrada. Colocam-na contra o abdômen e tocam a corda com o dedo ou com um pedacinho de pau. Quando dois dias santos se sucediam ininterruptamente, os escravos continuavam a algazarra até a madrugada.” 
O berimbau que hoje se conhece e se toca em todo o mundo é um arco feito de madeira específica (nem toda madeira serve; a mais usada é a biriba), tendo as pontas ligadas por meio de um fio de aço (geralmente, retirado das bordas de um pneu). Numa das extremidades, amarra-se uma cabaça (Cucurbita lagenaria, Linneu), e esta, quanto mais seca estiver, melhor. Faz-se na cabaça uma abertura na parte que se liga com o caule e, na parte inferior, dois furinhos por onde passará o cordão que vai ligá-la ao arco de madeira e ao fio de aço. Para tocá-lo, toma-se um dobrão (moeda antiga) ou um seixo arredondado e chato, uma baqueta (ou vaqueta, pequena vareta de madeira ou de bambu) e um caxixi. Nos primeiros tempos da colonização, havia no Brasil outro tipo de berimbau, bem menor, tocado com a boca, conhecido na América Latina como berimbau de Paris.
Entre os etimólogos, há verdadeiro desencontro a respeito da origem do nome berimbau. A Real Academia Española registrou o verbete na 12a. edição de seu dicionário, em 1884, que até hoje ainda sugere proposição onomatopaica para a sua origem: “voz imitativa del sonido de este instrumento”. Há proposições para origem africana, de Leite de Vasconcelos, em artigo publicado na Revue Hispanique, onde apresenta o mandinga bilimbano. Renato Mendonça propõe o quimbundo mbirimbau, com a simplificação do grupo consonantal mb. 
Desconhece-se precisamente a verdadeira origem do próprio instrumento e por que vias chegou ao Brasil. Registra-se sua existência em várias partes do mundo, inclusive na África, nos territórios de Iaca e Benguela. Possui muitas denominações e vem sendo motivo de estudo, até mesmo em cadeiras de departamentos universitários a ele dedicadas. É considerado o mais completo instrumento de percussão. No Brasil, é conhecido por: berimbau, urucungo, orucungo, oricungo, uricungo, rucungo, berimbau de barriga, gobo, marimbau, bucumbumba, gunga, macungo, matungo, rucumbo. Em Cuba, país da América Latina onde ele é tão conhecido como no Brasil, é chamado de sambi, pandiguro, gorokikamo e também burumbumba, que deve ser uma variação de bucumbumba no Brasil. Há indicações de seu uso nas práticas religiosas afro-cubanas, coisa de que não se tem notícia de se fazer no Brasil. Burumbumba (buro = falar, conversar; mbumba = habitáculo do morto ou espírito “familiar”) é o instrumento que “fala com os mortos”.

PANDEIRO:
A origem do termo ainda é controvertida. No século passado, Adolfo Coelho relacionava o vocábulo, com alguma dúvida, ao latim pandura. Em nossos dias, J. Carominas o faz derivar de pandorius, variante de pandura, tomado do grego pandoura. O mais sensato, porém, no caso da língua portuguesa, é acompanhar Antenor Nascentes e Pedro Machado, e admitir o espanhol pandero como gerador do nosso pandeiro.
Luciano Gallet inclui erradamente o pandeiro entre os instrumentos africanos vindos para o Brasil, enquanto José Subirá, em sua História de la Musica (Salvat Editora, 1958), relaciona o pandeiro como um dos antiqüíssimos instrumentos musicais da Índia. Os hebreus o utilizavam bastante, mormente em cerimônias religiosas. Na Idade Média, impôs sua presença e instalou-se definitivamente na península ibérica com a invasão árabe. Os ibéricos o utilizavam com freqüência em bodas, casamentos e cerimônias religiosas, especialmente na Procissão de Corpus Christi em Portugal, e, no século XVI, na Espanha. Teve ainda o pandeiro grande destaque entre os jograis, que o levavam de corte em corte.
O pandeiro entrou no Brasil por via portuguesa, e se fez presente já na primeira procissão que aqui se realizou, a de Corpus Christi, na Bahia, a 13 de junho de 1549. Depois, foi aculturado e aproveitado pelos negros em seus folguedos, o que se verificou também entre os negros da América Latina, especialmente os cubanos: em Cuba, o pandeiro é um dos instrumentos da liturgia nagô, havendo até pandeiros específicos para orixás.
ADUFE:
O adufe é um pequeno pandeiro de formato quadrado. Sua procedência é mourisca. O termo é de origem árabe, ligado a duff, tímpano. Foi instrumento familiar dos hebreus e, segundo José Subirá, o tympanum, que aparece no Gênesis, 31.27 é o adufe. Na Arábia, teve muito prestígio entre os monarcas; quando invadiram a península ibérica, os árabes levaram consigo o adufe, que lá teve muito mais prestígio que o pandeiro.
Assim como o pandeiro, o adufe entrou no Brasil por via portuguesa, e também foi incluído erradamente por Luciano Gallet entre os instrumentos africanos vindos para cá. O adufe foi também aculturado e aproveitado pelos negros no Brasil. Foi muito utilizado, porém hoje não se tem mais notícia de sua existência.

ATABAQUE:
O termo é de origem árabe; os etimólogos arabistas aceitam com unanimidade a forma tabl, que Diez nomeia como maurische Panke (tímpano mouro). Espalhou-se o vocábulo na área românica. E além do português antigo atabal e tabal, deu no espanhol atabal, asturiano tabal, santanderino tabal, catalão tabal, italiano ataballo, taballo, provençal tabalh e moderno francês attabal. Assim como o pandeiro e o adufe, o atabaque se encontra presente na poética medieval, principalmente por obra dos Reis Católicos de Espanha, Isabel e Fernando de Aragão, que muito o prestigiavam, por meio dos jograis, bodas e outras festas.
É um instrumento oriental muito antigo entre os persas e os árabes, muito divulgado na África. Embora os africanos já conhecessem o atabaque, acredita-se que ao chegarem ao Brasil já o encontraram aqui, trazido pelos portugueses para ser usado em festas e procissões religiosas, como o pandeiro e o adufe. Desconhece-se a história de como passou a ser utilizado na capoeira.
(aguarde alguns dias para ver aumentada esta relação dos instrumentos musicais utilizados na prática da capoeira.)
História da Capoeira
Origem da palavra capoeira, cultura afro-brasileira, luta, funções sociais, como começou
a capoeira, proibição, transformação em esporte nacional, os estilos

Escravos jogando capoeira no Brasil Colônia
A história da capoeira começa no século XVI, na época em que o Brasil era colônia de Portugal. A mão-de-obra escrava africana foi muito utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos (fazendas produtoras de açúcar) do nordeste brasileiro. Muitos destes escravos vinham da região de Angola, também colônia portuguesa. Os angolanos, na África, faziam muitas danças ao som de músicas.

Ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta.

Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escravos brasileiros.

A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.

Até o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientações para prender os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em esporte nacional brasileiro.

A capoeira possui três estilos que se diferenciam nos movimentos e no ritmo musical de acompanhamento. O estilo mais antigo, criado na época da escravidão, é a capoeira angola. As principais características deste estilo são: ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos (próximos ao solo) e muita malícia. O estilo regional caracteriza-se pela mistura da malícia da capoeira angola com o jogo rápido de movimentos, ao som do berimbau. Os golpes são rápidos e secos, sendo que as acrobacias não são utilizadas. Já o terceiro tipo de capoeira é o contemporâneo, que une um pouco dos dois primeiros estilos. Este último estilo de capoeira é o mais praticado na atualidade.

Capoeira na Escola
A capoeira foi evoluindo dentro dos princípios básicos tradicionais até que, em janeiro de 1973, foi oficializada como uma luta eminentemente brasileira, sob a Regulamentação Nacional da Capoeira. O ensino de capoeira representa uma oportunidade para a integração entre diferentes componentes curriculares como história, educação física, geografia, física, artes plásticas, música e outros, além de mobilizar os setores do desporto, turismo, meio ambiente, saúde, segurança, para citar alguns. Ciente de vivermos em uma fusão de culturas e conhecimentos, procuramos apresentar ensaio do entendimento de uma metodologia didático-pedagógica, fundamentada principalmente na prática com as escolas e relacionamentos com Organizações Não Governamentais - ONG's. Desenvolvemos atividades diárias no Centro de Ensino Médio Setor Leste, onde introduzimos alongamentos de Yoga, através de parceria com o professor Peter Faluhelyi. Participamos da Federação de Capoeira do DF, cujo presidente é o mestre Bené, e da Associação de Capoeira do DF, cujo presidente é Milton Freire de Carvalho, mestre Onça Tigre. Por meio de reuniões no Centro Educacional Asa Norte (CEAN), Centro Educacional Setor Leste (CESL), Centro Integrado de Ensino Especial (CIEE), Centro Interescolar de Brasília (CASEB), Chácara Pau D'óleo, Escola da Ação Social do Planalto (EASP) e Núcleo Rural Olhos D'água, o grupo Meia Lua amadurece a seguinte noção: jogo de arte e mandinga, utilizando a tradição como instrumento de interação do corpo com a comunidade e o meio ambiente, através de toques do berimbau, das músicas, da ginga, dos golpes e da participação do grupo.
HISTÓRIA DA CAPOEIRA NA ESCOLA

Inicialmente, analisaríamos a característica interdisciplinar no ensino da capoeira de mestre Bimba, que a lecionava para alunos de diferentes cursos universitários, embora não o fizesse exatamente nas universidades. Daí caracterizações como formatura, diploma, medalhas, paraninfo, sugerindo forte influência de seus alunos. As seqüências, o primeiro método para ensinar a capoeira, a introdução desses ensinamentos no CPOR e outras instituições oficiais (incluindo trabalhos para presidiários).
Mestre Anzol, professor baiano, aluno de mestre Bimba, seria o primeiro a ensinar a capoeira em uma universidade, isso ocorrendo na UFRJ, como projeto de extensão - atividade extra-curricular.
Um ano depois, com o apoio da Secretaria de Educação Estadual, começaria o trabalho na UFBA, sendo seguido pela UFES, através de mestre Xaréu. Finalmente surgiriam projetos de capoeira que atenderiam aos CIEP's do Rio de Janeiro, depois denominados CAIC's, hoje CIAC's. Também o Estado do Paraná viria a desenvolver algumas iniciativas de inserção desta disciplina em seu currículo.
NO DISTRITO FEDERAL

Em Brasília, as primeiras providências para a incorporação da capoeira como disciplina na rede pública de ensino, contaram com a nossa participação, logo após o período em que ministramos aulas no antigo DCE da UnB, de 1981 a 1984. Recentemente introduzimos atividades de capoeira no Centro Integrado de Ensino Especial - CIEE, observando que houve grande e ampla aceitação das mesmas por parte de alunos, professores, direção, funcionários, pais e instituições sociais. Em seguida elaboramos e gravamos um disco com a participação de sete mestres e três pró-mestres de capoeira, além de professores e alunos, dentre os quais alguns do CIEE. Participamos também da introdução de temas educacionais, no Oitavo Encontro Nacional de Capoeira, realizado em junho de 1998, em Brasília. Convidamos palestrantes para temas como: "a participação do movimento estudantil no projeto capoeira na escola", "capoeira, lazer e turismo", "Projeto de Lei Capoeira na Escola", "a capoeira e a educação", "aptidão física na escola", "curso de pós-graduação - especialização em capoeira na escola", "capoeira e cidadania", "capoeira na escola", "a capoeira e a paz", "aspectos socioculturais da capoeira na escola", "a capoeira e a arte", "a capoeira para o ensino especial", "as políticas públicas da capoeira no Distrito Federal", "falsidade ideológica e graduação na capoeira", "a história da capoeira", "a formação do mestre de capoeira", "a capoeira na rede oficial de ensino do Distrito Federal", "a cultura e a cidadania da capoeira", "raízes da capoeira", "contribuição da Associação Alunos, Pais e Mestres para os projetos na escola", e "a escola na academia". Participamos da comissão que elaborou uma moção encaminhada ao Senado Federal, solicitando atenção para o projeto de lei que reconhece a profissão de mestre em capoeira, e que tramita naquela Casa desde 1995. Também elaboramos uma proposta de projeto de lei em nível distrital, para salvaguardar os professores de capoeira nas escolas. Procurando, enquanto grupo de trabalho, manter contatos com outras regiões, criamos as duas primeiras páginas na Internet da extinta Fundação Educacional do Distrito Federal, através dos projetos Capoeira na Escola e Margem, tentando ao mesmo tempo acompanhar as atividades desenvolvidas por outros educadores, e mantê-los informados das nossas ações. Ciente de vivermos em uma fusão de culturas e conhecimentos, procuramos apresentar ensaio do entendimento de uma metodologia didático-pedagógica, fundamentada principalmente na prática com as escolas e relacionamentos com Organizações Não Governamentais - ONG's. Desenvolvemos atividades diárias no Centro de Ensino Médio Setor Leste, onde introduzimos alongamentos de Yoga, através de parceria com o professor Peter Faluhelyi. Participamos da Federação de Capoeira do DF, cujo presidente é o mestre Bené, e da Associação de Capoeira do DF, cujo presidente é Milton Freire de Carvalho, mestre Onça Tigre. Por meio de reuniões no Centro Educacional Asa Norte (CEAN), Centro Educacional Setor Leste (CESL), Centro Integrado de Ensino Especial (CIEE), Centro Interescolar de Brasília (CASEB), Chácara Pau D'óleo, Escola da Ação Social do Planalto (EASP) e Núcleo Rural Olhos D'água, o grupo Meia Lua amadurece a seguinte noção: jogo de arte e mandinga, utilizando a tradição como instrumento de interação do corpo com a comunidade e o meio ambiente, através de toques do berimbau, das músicas, da ginga, dos golpes e da participação do grupo.
1. O educador de capoeira deverá levar em consideração as experiências que a criança já possui e respeitar a sua vivência. Será "mediador" no processo de ensino sabendo entender o gesto das crianças e a sua etapa de desenvolvimento.Utilizará a psicomotricidade no desenvolvimento das habilidades motoras, cognitivas e sociais.  Em relação as etapas do desenvolvimento, cabe levantar qual a situação atual da criança para executar o processo de ensino da capoeira infantil.Diferentes faixas etárias, apresentam situações neuro-motoras,afetivas e intelectuais distintas.Isto deve ser levado em consideração no planejamento das aulas.Sabe-se que a etapa de 0 à 6 anos será que suma importância para a construção do repertório motor e das habilidades cognitivas. Neste processo de mielinização (formação dos neurônios e terminações nervosas)o educador deverá estimular vivências corporais e desafios adequados á idade em questão.Respeitando sempre a etapa de maturação biológica da criança.
Em relação ao planejamento das aulas,este deverá respeitar uma ordem de atividades propostas relacionando objetivos,conteúdos,metodologias e procedimentos.O planejamento das aulas de capoeira infantil confirma o bom compromisso do educador em relação aos seus alunos e deverá se encaixar ao perfil da istituição, abrindo a possibilidade de diálogo entre educador e unidade de educação infantil.Cabe ao educador físico a utilização das abordagens adequadas não se atendo exclusivamente a uma delas, mas tomando como base o construtivismo e a emancipação/superação do conhecimento.

 Este link estará aberto para sugestões,dúvidas e informações dos educadores em educação infantil.Basta entrar no livro de visitas e deixar o sua mensagem.Seja ela uma dúvida,um relato ou até mesmo uma sugestão. Viva a capoeira com seus alunos de corpo e alma. Só assim eles jogaram sorrindo. Axé!

PROJETO BEIJA-FLOR CAPOEIRA INFANTIL

Prática do ensino da capoeira para crianças. A Capoeira é utilizada amplamente no setor da educação infantil como desporto e fator de socialização entre as crianças. Não se restrigindo somente à estes dois aspectos, a capoeira é sobretudo uma arte e uma luta, uma dança e um ritual. Sua herança remonta dos quilombolas e sua prática conquista adultos e fascina as crianças. A capoeira é hoje o esporte da "meninada".As crianças desenvolvem na roda todo o seu potencial expressivo e os seus sentimentos são colocados em cada movimento; em cada ginga.Axé!

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