Dados do último Censo
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010,
mostram que do total de 450 mil pessoas que moram em Roraima, 26.364
delas se autodeclararam de cor ou raça negra. Para a coordenadora estadual da União de Negros pela
Igualdade (Unegro), Glória Rodrigues, as discussões continuam
voltadas para o fim do racismo e da desigualdade, além de buscar
alternativas e estímulos para ensinar as pessoas a desconstruir o
pensamento preconceituoso com relação ao negro.
Segundo ela, essa
desconstrução é muito difícil de ser feita nos adultos que, na
maioria das vezes, agem de forma velada, principalmente, quando são
processados. “O preconceito só é combatido na Justiça, mas o que
se consegue quando alguém acaba processado é fazer com que a pessoa
deixe de maltratar, de humilhar, mas o preconceito vai continuar
ali”, explicou.
Em sua opinião, o
trabalho de desconstrução do pensamento preconceituoso deve ser
investido nas escolas de ensino médio e fundamental. “Só com a
educação dos jovens e crianças é que teremos condições de
construir um novo pensamento, pois o preconceito só existe por causa
da ignorância da mesma forma que acontece com a intolerância
religiosa. Tudo é falta de conhecimento”, acredita.
E para desenvolver essa
construção de um novo pensamento, a entidade começou este ano,
juntamente com a Secretaria Municipal de Educação, a capacitar os
professores do ensino fundamental sobre a temática. O protejo
capacitou mais de 450 profissionais até o momento.
Outra medida, que a
liderança acredita ser um mecanismo de desconstrução do
preconceito com o negro, são os debates e seminários que devem ser
realizados com as entidades que representam os professores. “Já
está previsto nas nossas ações para o próximo ano realizar um
congresso com as bases sindicais para que possamos construir de forma
legal esse trabalho nas escolas”, explicou.
Sobre a situação do
negro em Roraima, Glória afirma que ainda há muito que se fazer
para mudar o cenário de preconceito e assédio que existe aqui.
Segundo a liderança, apesar das mudanças lentas que o movimento
consegue vislumbrar, quase toda semana ela se depara com situações
constrangedoras pelas quais os negros têm que passar no seu
cotidiano.
“Hoje [ontem] mesmo
eu recebi uma mulher que está sofrendo assédio seguido de racismo
em seu local de trabalho. Nós, mulheres, sofremos duas vezes por
sermos também negra. E é preciso combater essa humilhação porque
o assédio e a desqualificação matam as pessoas. O Estado ainda tem
muito que avançar e a nossa luta é permanente. Não para”,
afirma.
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