Em Túnis, mulheres de todas
as partes do mundo realizaram a Assembléia das Mulheres e reafirmaram a
importância da solidariedade entre os povos no enfrentamento ao machismo e
patriarcado, que se expressam em diferentes contextos sociais e políticos por
elas vivenciados. Com a presença de muitas mulheres tunisianas, palestinas,
marroquinas, senegalenses, francesas e brasileiras, dentre muitos outros países
da África, Oriente Médio, Europa, América e Ásia, a Assembléia enfatizou a luta
por Estados laicos, contra as desigualdades legais, institucionais, econômicas,
políticas, sociais e culturais, pela autonomia e emancipação das mulheres no
mundo. “A revolução das mulheres continua, das mulheres do Marrocos, Egito,
Palestina, Tunísia, de todo o mundo. É a solidariedade que nos fará construir,
ao nosso modo, um outro mundo possível”, afirmaram.
Um dos destaques foi o
protesto contra o governo argeliano, que impediu mulheres do País de vir ao
Fórum. Para enfrentar questões como essa, houve uma reafirmação da importância
da solidariedade. “Esta deve ser nossa palavra de ordem. A luta das mulheres
subsaarianas é também a luta por uma consciência feminista, que nos mostra a
necessidade de investir em formação e de sair para as ruas para reivindicar
nossos direitos. Não podemos permanecer paradas nas lembranças que nos
machucam, precisamos superá-las e lutar”, afirmou uma representante do
movimento de mulheres do Senegal. Para ela, é fundamental garantir mais acesso
à educação, ao trabalho e ao conhecimento. “Devemos nos colocar juntas, ter
sinergia, fazer um coletivo para conquistar a liberdade, contra o
patriarcalismo. Somos estupradas, submetidas à violência e aos organismos
internacionais controlados pelos países do Norte, e devemos nos unir para lutar
também contra a grilagem de terras”, afirmou.
O tema do acesso à terra foi
amplamente abordado pela representante brasileira, que é do MST e compartilhou
um pouco da luta das mulheres da América e especificamente das mulheres
camponesas do Brasil. “Somos nós mulheres que garantimos a produção que
alimenta a população brasileira. As mulheres do campo no Brasil têm se
organizado para fazer o enfrentamento ao agronegócio, que quando chega ao campo
destrói o território e a produção de alimentos. É um modelo que traz todo tipo
de violência contra as mulheres, e é nesta luta que temos nos organizado”. Por
isso, é fundamental “unir todas as camponesas do mundo pela libertação das
mulheres”. Tunísia
A presidenta da Associação
Tunisiana das Mulheres Democráticas, Ahlem Belhardi, contextualizou a luta das
mulheres neste momento pós-revolucionário, destacando que a situação é complexa
e é preciso frear a contra-revolução. “Estamos mobilizadas para incluir o
direito das mulheres na revolução, não podemos ser apenas um instrumento da
luta”. Ela também afirmou a importância da solidariedade internacional contra o
sistema econômico financeiro, que “se impõe sobre nosso território. É ótimo que
estejamos juntas neste Fórum”.
Outra militante tunisiana
ressaltou que é preciso aprofundar as conquistas da revolução em relação aos
direitos das mulheres. “A Bacia Mineira foi a fagulha que espalhou a revolução
na Tunísia, e as mulheres estavam na linha de frente nessa batalha. Mas os
homens instrumentalizam as mulheres. Participei da primeira manifestação de
mulheres da nossa história. Ficamos sentadas protestando de maneira pacífica e
fomos presas por quatro meses, enquanto alguns homens foram presos pelos mesmos
motivos por três meses”. No final da Assembléia, as mulheres propuseram a criação
de uma rede de apoio às tunisianas, para estabelecer instrumentos que garantam
uma solidariedade efetiva.
Fonte:
http://www.abong.org.br
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