sexta-feira, 26 de junho de 2009

APN's criticam partidarizaçãoPor: Redação - Fonte: Afropress - 16/6/2009

S. Paulo – Quatro dias após o encerramento da Conferência Estadual de S. Paulo, os critérios pelos quais foram definidos os 98 membros da delegação paulista que irá à Conferência Nacional, em Brasília, continuam causando polêmica e protestos. Nesta terça-feira (16/06), o coordenador estadual dos Agentes de Pastorais Negros (APN’s), Nuno Coelho, 34 anos, protestou pelo que ele chamou de “partidarização” da Conferência Estadual e disse que “os mais interessados, a população negra, não teve acesso e as entidades não tiveram espaço no encontro”, convocado pela Secretaria de Justiça do Estado e realizado durante dois dias - de 10 a 12/06 - na Faculdade de Direito do Largo de S. Francisco.Segundo ele, o espaço da Conferência – embora convocada por uma secretaria de um Governo do PSDB – foi totalmente tomado pela CONEN, UNEGRO e CNAB – correntes do Movimento Negro ligadas, respectiv amente ao PT, ao PC do B e ao PMDB – todas da base de apoio ao Governo Federal. No caso do CNAB, embora ainda ligado ao PMDB em muitos Estados - inclusive S. Paulo - seus ativistas aproveitaram a Conferência para recolher assinaturas para formação do PPL - Partido Pátria Livre, lançado em 21 de abril deste ano, por iniciativa do MR8 - Movimento Revolucionário 8 de Outubro, organização política vinculada até aqui ao PMDB.“Houve uma armação para favorecer a CONEN, a UNEGRO e o novo aliado, o CNAB, que atuaram dando o tom da Conferência Estadual, pautaram os temas discutidos, fizeram os bastidores com orientações vindas de cima, orientações vindas de Brasília”, disse.Coelho acrescentou que isso ficou claro na definição dos 27 delegados da Capital – a maior delegação do Estado. CONEN, UNEGRO e CNAB ficaram, respectivamente com quatro delegados cada, o correspondente a quase 60% do total. Três delegados foram rese rvados à Juventude, dois para o Fórum das Mulheres, dois para o Grupo Elite/Tucanafro, um para cada uma das quatro Centrais Sindicais que participaram da Conferência (CUT, UGT, CGT, CTB e CGTB), um para o Círculo Palmarino (corrente ligada ao PSOL), um para os APN’s, um para Palestinos e um para Judeus.O coordenador geral da UNEGRO, Edson França, afirmou que os critérios foram consensuados e que é preciso “acabar com a síndrome da autofagia”, no Movimento Negro Brasileiro. A UNEGRO elegeu cerca de 20% dos delegados paulistas à Conferência Nacional.PartidarizaçãoNuno Coelho, porém, insiste que o que aconteceu na escolha dos delegados “foi uma grande armação” para favorecer as correntes que dominam o Movimento Negro no Brasil e lembrou que os Agentes Pastorais Negros, são uma entidade nacional presente em 14 Estados da Federação e que estarão representados em Brasília com 40 delegados de todo o país. “Eu acho que isso precisa vir a tona. Eles precisam perceber que não existem só eles. Hoje existem outras forças políticas. Precisamos ter transparência, respeitabilidade e um organismo que aglutine as entidades em torno de uma pauta comum, que represente o povo negro e não as entidades que representam partidos políticos”, enfatizou.A ausência de indígenas e ciganos da delegação oficial provocou tumulto no encerramento da Conferência Estadual, com protestos generalizados. Roberto de Oliveira, da Comissão Organizadora Estadual, entretanto, disse que, embora considere legítimos os protestos, tanto indígenas quanto ciganos estarão contemplados porque escolheram representantes na Consulta às Comunidades Tradicionais organizada pela Seppir, na primeira semana de junho, em Brasília.MinistérioO coordenador dos APN’s disse que está preocupado que se repita na Conferência Nacional a ten tativa de predomínio dessas forças, em especial CONEN, UNEGRO e CNAB, e que isso se traduza numa pauta imposta de cima prá baixo, e na tentativa de fazer passar, entre outras, a proposta de transformação da Seppir em Ministério da Igualdade Racial. Ele disse ser contra a proposta e concordar com o ministro Edson Santos que, em entrevista a Afropress, considerou a idéia inadequada. “Nossa política é de transversalidade. Temos de atingir outras esferas de Governo”, concluiu.

Um comentário:

Hilario Bispo disse...

onegronobrasil1980.blogspot.com
O Negro no Brasil Atual(1980)