segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Montes-clarenses exploram a cultura africana


aconteceu o Festival de Cultura e Arte Negra.
Montes-clarenses exploram a cultura africana
Michelle TondineliRepórter

No ano 2000, Montes Claros começou a conhecer a cultura africana, o item que abriu as portas para a inovação foram as máscaras. O Presidente dos Tambores dos Montes, Hilário Bispo, fala que a idéia da produção de máscaras começou em 2006, quando Produção inicial das máscaras.
"Uma das oficinas que deu mais certo foi a oficina de culinária e a oficina de máscaras. As máscaras sempre foram usadas em todas as civilizações, inclusive a africana, que trabalha muito com traços como nariz, boca e olhos grandes", explica.
O destaque deste produto é que todo o material vem do lixo. São usados objetos como papelão, pedras, pedaços de madeira, espelhos quebrados, fibras e outros. "O que for achado no lixo nós estamos pegando para fazer a produção destas máscaras. E o interessante é quando você pega os materiais a ideia surge com facilidade para a produção do trabalho, sendo necessário só colocar em prática", afirma.
EXPOSIÇÃO
Durante o mês de maio, próximo ao dia da abolição dos negros, é exposto no centro cultural Hermes de Paula, objetos produzidos pelos tambores dos Montes. Este ano a exposição contou com 27 novas máscaras, sendo que oito delas foram produzidas pelo presidente da casa. "Nós pegamos as produções das oficinas e expomos para que as pessoas possam conhecer um pouco sobre a cultura africana, como prova disso, nós vamos a escolas, montamos oficinas e ensinamos sobre o meio ambiente e a história das máscaras, sendo também uma pequena fonte de renda para nós se vendermos os materiais em um bom preço", conta.
A equipe tambores dos Montes é composta por nove pessoas, onde cada um faz a sua produção para exposição, sendo elas sobre encomendas ou não. Para o próximo ano Hilário revelou que pretende fazer um salão, para que possa existir uma premiação e valorização do artista.
FUTURO
Para o crescimento da cultura negra, Hilário fala que está procurando formas de expor esta cultura fora da cidade de Montes Claros, assim o conhecimento e a beleza do trabalho poderá ser visto por todos. "Porque o que não é visto não é comentado, e esta é a nossa nova idéia de fazer máscaras africanas, trabalhamos em cima das máscaras de nossos ancestrais mesmo", relembra.
PRODUÇÃO
A produção é realizada em dois dias, para o material ser pintado, cortado e produzido. Mas Hilário explica que não é o ideal. "O ideal seria ter uma semana para arrumar o material, para pintar e cortar, pois a tinta depois de alguns dias tem uma nova tonalidade. Deve ser guardado em um local que não pega umidade. Vale lembrar que uma máscara nunca fica igual a outra, ela pode ficar parecida",afirma.
ANTES DA CULTURA AFRICANA
Antes de trabalhar com a produção de máscaras africanas, Bispo trabalhava como aprendiz de cerâmica. "Pegava cerâmica pronta e já pintava, mas guardava a produção para mim mesmo, no ano de 1985. A proposta para expor para o público começou recentemente, quando conheci as máscaras",diz.
Para mais informações sobre os tambores do montes e seu trabalho visite o site
https://terra.palmares.gov.br/owa/redir.aspx?C=3117d84a2f0841eea22761c5afa22b96&URL=http%3a%2f%2fwww.tamboresdosmontes.blogspot.com.
HISTÓRIA
As máscaras sempre foram as protagonistas indiscutíveis da arte africana. A crença de que possuíam determinadas virtudes mágicas transformou-as no centro das pesquisas. O fato é que, para os africanos, a máscara representava um disfarce místico com o qual poderiam absorver forças mágicas dos espíritos e assim utilizá-las em benefício da comunidade: na cura de doentes, em rituais fúnebres, cerimônias de iniciação, casamentos e nascimentos. Serviam também para identificar os membros de certas sociedades secretas.
VALOR
Quanto à sua interpretação, a tarefa é difícil, na medida em que não se conhece sua função, ou seja, o ritual para o qual foram concebidas. Os colonizadores nunca valorizaram essas peças, consideradas apenas curiosidade de um povo primitivo e infiel. O auge da arte africana na Europa surgiu com as primeiras vanguardas, especificamente os fauvistas e os expressionistas.
Estes, além de reconhecer os valores artísticos das peças africanas, tentaram imitá-las, embora sempre sob a ótica de suas próprias interpretações, algo que colaborou em muitos casos, para a distorção do verdadeiro sentido das obras.
Entre as peças mais valorizadas atualmente estão: Fon, fang, Ioruba e bini, e as de Luba. A arte africana chegou ao Brasil através dos escravos, que foram trazidos para cá pelos portugueses durante o período colonial e imperial. Em muitos casos, os elementos artísticos africanos fundiram-se com os indígenas e portugueses, para gerar novos componentes artísticos de uma magnífica arte afro-brasileira.
Fonte Jornal O Norte de Minas
Essa matéria estar no Site da Fundação Cultural Palmares

Nenhum comentário: