Parlamentar teria insultado colega do PT chamando-o de 'macaco', além de afirmar que não gostava de 'preto'. Em nota, ela pede perdão pelas ofensas e diz que está com problema de saúde
Ricardo Beghini A vereadora Sílvia Fernanda (PMDB), de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, é acusada de racismo. A denúncia partiu do colega Gilberto Luiz dos Santos, o Gilberto Lixeiro (PT). O caso foi registrado pela PM em boletim de ocorrência assinado por três testemunhas. Além de sanções criminais, ela corre o risco de perder o mandato, caso seja feita uma representação na Câmara. De acordo com o BO, Sílvia insultou o vereador de %u201Cmacaco% u201D e, em seguida, disse que %u201Cnão gostava de preto%u201D. Segundo o petista, o fato ocorreu na sexta-feira após encontro casual no Departamento Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Demae). Gilberto alega que apenas brincou com o cachorro da raça poodle que Sílvia levava ao colo. %u201CQuando o cachorro começou a latir, Sílvia chamou o colega de macaco, dizendo que não era para ele encostar a mão no cachorro dela, além de proferir palavras de baixo calão%u201D, revela o BO. Em seguida, a vereadora se dirigiu para um dos funcionários do Demae e disse ainda que %u201Cera por isso que não gostava de preto%u201D. O petista ficou surpreso com a reação de Sílvia, considerada uma aliada na Câmara. O próprio vereador alega que nunca teve qualquer desavença com a parlamentar e os dois, que cumprem o primeiro mandato, nem sequer chegaram a trocar farpas nas sessões do Legislativo. %u201CFoi uma decepção muito grande. Fiquei muito aborrecido%u201D, lamentou. Gilberto revelou que ontem recebeu um telefonema da colega, que, chorando, pediu desculpas pelo episódio. Ela também solicitou que a queixa fosse retirada. A Constituição de 1988 passou a considerar a prática do racismo como crime inafiançável e imprescritível. A pena pode chegar a cinco anos de prisão. O petista disse que até está disposto a perdoar a colega, desde que o pedido de desculpas seja feito publicamente. %u201CEla tem que se desculpar com toda a raça negra, inclusive, para os seus eleitores negros, que também ficaram decepcionados% u201D, declarou. A Executiva municipal do PT ainda não se reuniu para decidir a medida a ser tomada contra a parlamentar do PMDB. A vereadora Vera Lúcia Gomes de Almeida (PT) avalia que a decisão sobre eventuais sanções contra Silvia deve partir do próprio Gilberto. %u201CÉ uma situação muito pessoal%u201D, disse ela, ao lamentar a confusão. %u201CO racismo é inadmissível. Vivemos num Estado democrático de direito, procurando proteger as minorias%u201D, ressaltou. Professora aposentada e bacharel em direito, a vereadora Sílvia Fernanda está internada desde ontem à tarde na Santa Casa de Misericórdia. Diante do escândalo de racismo, a parlamentar teve um surto de estresse. Segundo ela, as ofensas contra o colega ocorreram em função de medicação para tratamento de problemas neurológicos. %u201CSofro também de hipertireoidismo e tenho variações de humor%u201D, destacou. Em nota, a vereadora reafirma o pedido de perdão ao colega e reconhece o erro. %u201CTenho pelo vereador Gilberto o maior respeito, além disso, grande admiração pela sua inteligência brilhante. Reafirmo ser o mesmo o meu maior amigo desde a posse da Câmara.%u201D Ela também reconheceu o erro. %u201CPeço perdão por ter me excedido nas brincadeiras de mau gosto que são parte do nosso relacionamento. %u201D Sílvia vem respondendo a, pelo menos, dois processos judiciais. Um deles, na Justiça Federal, impetrado pela Universidade Federal de São João del-Rei. A vereadora teria acusado o reitor e funcionários que trabalharam no festival de inverno de roubar dinheiro público. Já o vice-presidente PSDB, Altamiro Gonçalves Gregório, denuncia a colega por tê-lo expulsado da Câmara em 3 de maio.
Fonte
Jornal Estado de Minas
- Caderno Política - 25/8/09
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