sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

CONGRESSO NACIONAL DE NEGRAS E NEGROS DO BRASIL

CONGRESSO NACIONAL DE NEGRAS E NEGROS DO BRASIL

Circulação interna na Coordenação Nacional de Entidades Negras - CONEN

O Congresso que queremos! acontecerá em Julho de 2008 em Salvador, onde Minas Gerais terá uma delegação de 56 delegados

Os acontecimentos que marcaram a luta contra o racismo no Brasil nos anos 70, nas décadas de 80 e 90, que colocaram o debate da desigualdade entre negros e brancos na agenda do Estado brasileiro, assumem , no início do século XXI, uma nova conformação política nas ações do movimento negro.

Essa nova conformação rivaliza com uma conjuntura onde a implementação de ajustes estruturais nas economias de muitos países, entre eles o Brasil, baseados em planos e projetos de cunho neoliberal, organizam a sociedade sobre a lógica do mercado, inclusive os direitos à cidadania.

Onde a competição e o individualismo são estimulados em detrimento da luta coletiva por melhores condições de vida, igualdade e ganhos mais justos no trabalho, tornando uma imensa maioria de trabalhadores, excluída definitivamente da produção e do desenvolvimento.

Uma conjuntura que propicia a ampliação da desigualdade e a divisão racial no trabalho, que se expressa por meio das diferenças salariais entre negros e brancos, diferentes possibilidades de acesso às políticas públicas e maiores taxas de desemprego entre os trabalhadores e trabalhadoras negras.

Uma nova ordem (ou desordem) mundial impulsionada pelas elites e classes dominantes tenta se perpetuar com base na violência que atinge principalmente a juventude negra, na destruição da esfera social e cultural, na manutenção das desigualdades raciais e de gênero,

É a partir desse novo contexto da luta contra a opressão neoliberal e do recrudescimento do racismo que devemos iniciar nossas conversas para a construção de um Congresso Brasileiro de Entidades Negras. São necessários outros rumos para nossos debates sobre a formulação de uma nova estratégia política para o combate ao racismo no Brasil.

Necessitamos estabelecer ferramentas teóricas, políticas e organizativas para o avanço do Movimento Negro Brasileiro e da luta pela superação do racismo. Elaborar um projeto político e uma nova agenda para o combate ao racismo no Brasil, onde seja possível a convivência democrática, fraterna e com justiça social.

Em nosso país o movimento negro é reconhecido como o sujeito histórico capaz de mobilizar, planejar e executar as ações para superar as desigualdades sócio – raciais , mas são necessárias as alianças com outros setores para ampliação dessa luta.

O internacionalismo do combate ao racismo, tão importante para o início do movimento negro contemporâneo na década de 70 , é fundamental para melhor compreendermos como os processos de mundialização ou globalização em curso interferem em nossas estratégias de enfrentamento aos desafios do atual contexto de luta no Brasil e no mundo.

Na CONEN, diante desses problemas comuns decorrentes da globalização e do neoliberalismo, faces atuais do capitalismo que se alimenta de privilégios e que para mantê-los recria o racismo e outras formas de dominação, temos avançado em uma compreensão felizmente unitária: o enfrentamento a esta realidade sintéticamente analisada só é possível com o fortalecimento de articulações nacionais e internacionais, com a globalização de nossas lutas e a construção de sociedades plurais e diversas.

Para concretizarmos estes objetivos, entretanto, reconhecer as diferenças de estratégias na condução da luta de combate ao racismo em nosso país e no mundo, também será fundamental para podermos estabelecer futuramente pontos de unidade para o o que deve ser o principal objetivo do Congresso que queremos: a busca de um projeto político e de novas estratégias para o combate ao racismo no Brasil.

A importância das entidades negras na construção do Congresso

Fortalecer a ação das entidades negras é a principal marca do movimento negro contemporâneo.

A partir de sua principal referência político – organizativa, a realização no dia 7 de Julho de 1978 de um Ato Público nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo onde foi lançado o Movimento Unificado contra a Discriminação Racial (MUCDR), depois transformado em Movimento Negro Unificado (MNU), grupos e entidades negras são criados entre os jovens, as mulheres, os sindicalistas, os religiosos, os esportistas, os empresários e diversas formas de organização da população negra brasileira.

Surgiram as iniciativas de articulações por Estado, por Região e em âmbito nacional. É bastante significativa a realização dos Encontros Regionais de grupos e entidades do Sul/Sudeste, Centro/Oeste e Norte/Nordeste. A região Norte/Nordeste foi quem mais avançou nesse processo chegando a realizar o X Encontro das Entidades Negras das Regiões Norte/Nordeste.

Destes encontros surgiu a necessidade de convocar um Encontro Nacional de Entidades Negras (ENEN) que foi realizado em 1991, na cidade de São Paulo, onde foi criada a Coordenação Nacional de Entidades Negras, a CONEN.

Como decorrência dessa mobilização surgem importantes entidades de âmbito local ou regional e importantes organizações e articulações nacionais ganham visibilidade no cenário político do país.

Toda essa movimentação fortaleceu a ação de militantes, negros e negras, organizados em grupos e entidades em práticamente todas as regiões do país, cumprindo a principal meta no período, que foi a de difundir por toda a sociedade qual era a situação de discriminação, preconceito e racismo em nosso país.

Este histórico de organização é a referência para a construção do Congresso Nacional de Negras e Negros do Brasil.

Uma longa trajetória de organização do combate ao racismo

A trajetória de organização da população negra na diáspora tem sido marcada, nacional e internacionalmente, por Encontros, Conferências, Convenções e Congressos.

No Brasil é importante lembrarmos do I Congresso Afro – Brasileiro realizado em Recife/Pernanbuco no ano de 1934 e o II Congresso Afro – Brasileiro realizado em Salvador/Bahia em 1937, dois congressos de caráter acadêmico e/ou científico organizados pela intelectualidade brasileira da época.

No ano de 1945, enquanto no exterior era realizado o V Congresso Pan – Africanista, na cidade de Manchester na Inglaterra, em São Paulo, estava sendo organizado pelo Teatro Experimental do Negro, a I Convenção Nacional do Negro, que lançou um manifesto à nação propondo, entre outras reivindicações, a formulação de uma lei anti – discriminatória.

Um outro momento importante foi a Conferência Nacional do Negro instalada em maio de 1949. Reuniu representantes de organizações negras de vários Estados como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

A Conferência visava articular um programa para organizar a comunidade negra e ampliar a consciência popular a respeito do caráter racista das teorias antropólogicas e sociológicas convencionais. Entre os conferencistas estavam Abdias do Nascimento, Edson Carneiro, Guerreiro Ramos, Roger Bastide, Florestan Fernandes, Aguinaldo Camargo, entre outros. Esta conferência deu continuidade aos seus trabalhos através da criação de um comitê de organização do I Congresso do Negro Brasileiro, que foi realizado no Rio de Janeiro no ano de 1950.

Realizando uma ponte entre esses momentos importantes de organização da população negra do passado com a de nossos dias a CONEN está empenhada, numa ação conjunta de práticamente todas as organizações do movimento negro brasileiro, em realizar o maior Congresso Nacional de Negras e Negros do Brasil .

Este texto foi elaborado a partir de um documento apresentado pela CONEN na Assembléia Nacional realizada nos dias 13 e 14 Janeiro de 2007, no Rio de Janeiro, que deu início ao processo de organização do Congresso Nacional de Negros e Negras do Brasil.

Notícias do Congresso Nacional de Negras e Negros do Brasil

Em Minas Gerais
Construindo um Projeto Político do Povo Negro para o País

O povo negro brasileiro sempre desempenhou um papel determinante em todas as fases de produção da riqueza e do desenvolvimento do país. Da tecnologia africana largamente utilizada no ciclo do ouro à expansão da atividade agrícola, da industrialização à construção das cidades e a constituição do acervo patrimonial da cultura brasileira, o povo negro, de modo geral, sempre teve os seus direitos negados pelas elites políticas, empresariais, econômicas, religiosas, intelectuais.

Todo o esforço empenhado na construção do Brasil jamais foi suficientemente convertido em reconhecimento social e instrumento de mobilidade e desenvolvimento sócio-econômico da população negra. Submetido inicialmente ao processo colonial escravista, o povo negro ainda se encontra sob as determinações restritivas do sistema capitalista, sobrevivendo no desemprego, em atividades de baixa remuneração, sem acesso aos bens urbanos e culturais, afastado do ensino de qualidade e constituindo as maiorias excluídas das cidades e da cidadania.

Como exemplo, o sistema de segurança pública no Brasil, têm na violência policial e nas condições indignas e subumanas do sistema prisional, os vetores principais da política aplicada há séculos pelo Estado sobre a população negra e pobre do Brasil, pelos organismos de segurança pública, destacando o Poder Judiciário através da Justiça Criminal e a Polícia de um modo geral.

Na atualidade, as imagens da violência urbana cotidiana veiculadas pelos principais meios de comunicação, testemunham ofensas aos direitos humanos em nosso país. Simbolizam ao mundo a desigualdade de gênero, raça e classe e o caráter violento das elites e da injustiça social. Os fatos e os dados comprovam que a nossa sociedade e o Estado são ainda marcados pelo racismo pelo machismo, pela exclusão social e opressão, pela discriminação e o preconceito contra povos e culturas.

É imperativo contrapor a este projeto político racista e machista, que há longo tempo está posto, e que tem como meta a preservação do capitalismo e da hegemonia branco-européia sobre as outras etnias que compõem a sociedade brasileira. A necessidade de construção de um novo projeto, fica a cada dia mais evidente, pois embora avancemos em nossa luta, embora acumulemos importantes vitórias, a condição de vida da população negra a cada dia ganha contornos mais degradantes. Embora a ciência e a tecnologia criem condições de melhor combater as mazelas que se abatem sobre as populações, como doenças, falta de alimentos, tragédias ecológicas, moradias precárias e outras, os índices negativos em relação às populações negras no Brasil e no mundo se mantém inalterados e em muitos casos agudizados. Esse desafio político se coloca hoje para o Movimento Negro brasileiro.

Pode-se afirmar que o Movimento Negro Contemporâneo é o conjunto de grupos e organizações que desenvolvem a luta política conta o racismo a partir da década de 1970. Nos últimos 30 anos o MN influenciou a luta política contra o racismo e colocou a desigualdade entre negros e brancos na agenda do Estado brasileiro. O MN ampliou sua base social em outras frentes de lutas como partidos, sindicatos, igrejas, mulheres, estudantes, organizações não governamentais, movimentos da cidade e do campo, a assumir a luta anti-racista a partir da ótica formulada pelo MN.

Passado este momento histórico, hoje são necessários outros rumos para a formulação de uma nova estratégia política para o combate ao racismo no Brasil. Precisamos estabelecer ferramentas teóricas, políticas e organizativas para o MN brasileiro e para a luta pela superação do racismo. É nesse contexto que se coloca a necessidade de um projeto político do povo negro para o país. O fórum político para o debate e a elaboração desse projeto é a organização de um Congresso Nacional.

O Congresso Nacional de Negras e Negros do Brasil é, talvez, um dos mais importantes momentos da história do Movimento Negro brasileiro. Pela primeira vez está se construindo uma concertação política que visa reunir todas as grandes entidades nacionais, as articulações e as redes construídas pelo diversidade de grupos e organizações negras nas últimas décadas. O Congresso Nacional de Negras e Negros do Brasil foi lançado no mês de abril de 2007 em Belo Horizonte Capital de Minas Gerais e terminará em Julho de 2008 na grande Salvador.

É para participar do rico processo de construção do Congresso que convidamos todas as entidades, grupos, organizações, e em especial, o conjunto da militancia negra e anti-racista de Minas e do Brasil. Realizaraão a primeira Plenária Estadual de Minas que aconteceu no dia 14 de abril – sábado (último dia do Cronograma) para eleição dos delegados (as) que participarão do Lançamento Nacional do Congresso que foi em Belo Horizonte no dia 20 de abril e da Assembléia Nacional nos dias 21 e 22 . A Plenária Estadual de Minas também elegeram 2 representantes para a Coordenação Política Nacional do Congresso.


Plenária Estadual de Minas Gerais
14 de abril – Sábado - 9 às 17 horas

Pauta :
1) Informes do Congresso Nacional
2) Eleição de delegados para Assembléia Nacional
3) Eleição de 2 representantes de MG p/a Coordenação Política Nacional

Inscrição - 30,00 c/café da manhã e almoço. Quem chegar no dia 23 (Sexta) terá hospedagem
Local: Escola Sindical 7 de Outubro – Rua Nascimento,101 – Barreiro de Cima Telefones: (31) 3383 6789 - 3383 8877 - Quem chega pela Rodoviária de BH – Tomar ônibus 35 (direto) na Av. Paraná em frente a Rodoviária e descer na Estação Barreiro. Nas estação, tomar ônibus 325 (Flávio Marques) e descer na Av. Olinto Meireles no Colégio Francisco Bicalho.E - mail:
congressonacionalnegrasenegros@yahoo.com.brFundação Centro de Referencia da Cultura Negra – (31) 3222 5777 - 96029357 / Cenarab/MG – (31) 3222 0704

Lançamento Nacional do Congresso – 20 de abril – CREA – Av. Alvares Cabral, 1600
Assembléia Nacional – 21 e 22 de abril – SESC Venda Nova – Rua Maria Borboleta s/n.º - B. Jardim Comerciários – Ônibus - 2224 – Tomar na Av. Afonso Pena – Centro


“o nosso futuro é cada vez mais nosso passado”
Marcos Antônio Cardoso
P/ Comissão de Mobilização MG


No Rio Grande do Sul

Lançado no dia 23 de Março de 2007 o Manifesto de Negras e Negros Gaúcho Pró Congresso Nacional de Negras e Negros do Brasil - Seção RS
O CONGRESSO NACIONAL DE NEGRAS E NEGROS DO BRASIL, que congrega as principais entidades do Movimento Negro Nacional, já é uma realidade que aconteceu entre março de 2007 e março de 2008, tendo como ousado objetivo traçar uma pauta de protagonismo no cenário político nacional, através de um debate amplo, aberto e aprofundado sobre as condições de vida do povo negro na sociedade brasileira, fundamentado no imenso passivo étnico que o Estado brasileiro acumula com sua população negra desde a época escravagista.

Assumindo a responsabilidade de enfrentar toda a gama de problemas que a população negra vivencia em nossa sociedade, até mesmo por reconhecer a incapacidade e inabilidade que as instituições (poderes constituídos, partidos políticos e outras) têm na formulação de soluções para o grande problema exist ente. O citado Congresso propõe ser, em sua essência, um espaço de construção de luta política para buscar a concretização dos anseios da população afro-brasileira.

Como sabemos, por qualquer ângulo que se observe, nosso País é socialmente injusto e etnicamente desigual, fato demonstrado pela simples exibição dos indicadores sociais, econômicos e educacionais, sofrendo a população negra (pretos e pardos, segundo o IBGE, em quantitativo de 90 milhões de brasileiros) uma modalidade de racismo sutil e dissimulada.

A questão racial vem pontuando, em todo o mundo, as discussões voltadas à conquista da cidadania. Inegavelmente, dados de pesquisas realizadas e divulgadas nos últimos anos revelam a condição de inferioridade em que historicamente se encontram trabalhadores negros (homens e mulheres). Desde as dificuldades de acesso à Universidade, impedindo a formação acadêmica e qualificação da mão-de-obra para um mercado reservado desde a colonização do país aos descendentes dos europeus até o cerceamento ao exercício de funções de chefia ou comando em qualquer ramo de atividade.

Recuperando os fragmentos de nossa história, vamos refletir sobre o significado de todas as iniciativas que visam retirar os descendentes de africanos escravizados da masmorra social amplamente visível nas filas de desempregados, nas favelas, nas prisões, nos quilombos rurais e urbanos, enfim, em todos os redutos sociais onde se encontra abundante a miséria, a fome e a pobreza geradora da violência institucionalizada, intimamente ligada ao contingente humano representativo de aproximadamente 50% de nossa população.

A reiteração dessas informações estatística fez com que nas últimas décadas fossem desenhados e implementados leis, recursos e outros dispositivos de correção dos problemas raciais. Todavia, as ações afirmativas, as políticas de cotas e de reparação passam a existir no horizonte do possível ainda como tímidas alternativas para minimizar o imenso fosso que nos separa de uma verdadeira democracia racial.

Como questão estrutural da sociedade brasileira, as relações raciais necessitam de uma atuação categórica e especial de todas e todos no sentido de valorizar a herança cultural e a participação dos afro-descendentes na construção de nossa história e identidade.

Neste sentido, temos que ressaltar que a não aplicação da Lei nº 10.639, de 09.01.2003, que incluiu no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, abrangendo o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil, revela um forte viés de intolerância étnica no ensino brasileiro.

Por outro lado, resgatando a trajetória de luta das organizações da população negra na diáspora, torna-se importante lembrar do Iº Congresso Afro-Brasileiro (realizado em Recife/PE, em 1934), do IIº Congresso Afro-Brasileiro (realizado em Salvador/BA, em 1937), da Iª Convenção Nacional do Negro (realizada em São Paulo/SP, em 1945), da Conferência Nacional do Negro, instalada em 1949, na cidade do Rio de Janeiro, com continuidade em 1950, com criação de um Comitê de Organização do Iº Congresso do Negro Brasileiro, com a participação de Abdias do Nascimento, Edson Carneiro, Guerreiro Ramos, Roger Bastide, Florestan Fernandes, Agnaldo Camargo, entre outros, e do Ato Público de 1978, realizado nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, onde foi lançado o Movimento Unificado contra a Discriminação Racial, depois transformado em Movimento Negro Unificado.

Contemporaneamente, necessitamos, com urgência, ampliar esse debate em todos os segmentos da sociedade, procurando sistematicamente dar maior visibilidade a eventos, ações e práticas que visem abrir espaços de construção para uma nova tradição que considere sem hipocrisia e de maneira escancarada a pluralidade da etnicidade brasileira, tomando como desafio a conquista da efetiva igualdade racial.

A consciência não deve ser apenas “negra”, precisa ser ampliada para todo tecido social na busca de um novo referencial de civilidade, como resultado de um compromisso voltado para a reorientação de nossas práticas rotineiras pautadas pelo preconceito.

A leitura crítica da realidade, a partir do indeferimento do modelo unicamente eurocêntrico, nos faz pensar que se a luta de Zumbi no Quilombo de Palmares tivesse triunfado contra o exército colonialista o Brasil não conviveria com a miséria material e intelectual existente e não seria racista, pois Palmares, antes das idéias marxistas, era pluriétnico e socialista.

A rebeldia surgida com o aquilombamento não significou apenas a negação do modelo escravista de produção, mas implicava em organizar uma outra maneira de produzir – coletivamente – e em um novo modo de vida, uma nova sociedade.

Importante ressaltar, a construção coletiva de nossa juventude neste momento na construção do Primeiro Encontro de Juventude Negra do país, paralela a construção do Congresso.

Por tudo isso, os princípios de resistência, de protesto e de articulação da luta contra o racismo e as desigualdades de gênero e de classe, representados neste Congresso Nacional de Negras e Negros, devem também representar uma invulgar oportunidade para reforçar a reflexão e a ação sobre os graves problemas étnicos de nossa sociedade.

Neste contexto, as entidades do movimento negro do Estado do Rio Grande do Sul assumem o compromisso neste Ato realizado na Associação das Entidades Carnavalescas de Porto Alegre, de lançar oficialmente o Congresso Nacional de Negras e Negros do Brasil, seção RS.

Procurando sobrepujar nossas diferenças, na reafirmação de nossas convergências, contamos com o apoio e a participação de todas e todos na construção do Congresso Nacional de Negras e Negros do Brasil, que representará a afirmação do compromisso no sentido da superação das desigualdades, rumo do estabelecimento de uma verdadeira democracia racial e um novo modelo de Estado, no que compete ao povo negro brasileiro.

Estiveram presentes ao Ato de Lançamento do Congresso Nacional de Negras e Negros do Brasil – Seção RS: Senador Paulo Renato Paim (Canoas), Dep Est Raul Carrion (Poa), Ver Comasseto (Poa), Ver Batista Conceição (Santana do Livramento), Sra Ivonete Carvalho (Santa Maria), representando a Ministra Matilde Ribeiro da SEPPIR, a Sra Neusa Zoch (Poa), representando a Sra Yeda Rorato Crusius governadora do Estado, Paulo Axé – quilombola (Macapá/Ap), Sr Vitor Hugo (Poa), representando a Direção da Associação de Carnaval, Sr José Antonio (Eldorado do Sul) – UNEGRO e presidente do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra – CODENE.

Também tivemos representantes das seguintes organizações: CECDR/Cut-RS, Força Sindical, GT Negros, Grupo Negras em Canto, ABPN Regional Sul, Fundação Leopold Sedar Senghor, CONAN, Grupo Produto Nacional, Coletivo de Negros SINDISERF/RS, Coletivo de Negros do SINTRAJUF/RS, Ilê Aracha de Olokun, FASE, Rádio Comunitária Obirici, Movimento Negro Unificado/MNU, União de Negros pela Igualdade/UNEGRO, ODOMODE, CDHPFE-Iren/Passo Fundo, CEUE Pré-Vestibular, Mocambo Amapá, CIPP/Canoas, IACOREQ, Cândido Velho (Guaíba), Movimento Quilombista Contemporâneo, GT Negros da ASSURGS, Grupo Anastácia (São Leopoldo), Sindicato dos Metalúrgicos (Caxias do Sul), Grupo Unir Raças (Esteio), IAFRA, AECPARS, Coordenadoria do Negro de Pelotas, Quilombo de Morro Alto (Osório), Fórum de Religiosos de Matrix Africana, entre outros.

Neste Ato estiveram representados os seguintes municípios: Porto Alegre, Eldorado do Sul, Guaíba, Alvorada, Viamão, Pelotas, Santa Maria, Passo Fundo, Caxias do Sul, Santana do Livramento, São Leopoldo, Esteio, Canoas e Novo Hamburgo.

A Coordenação Política Estadual apontou o novo encontro na cidade de Pelotas, no dia 14 de abril, para eleger as representações na Coordenação Nacional e formatação das Coordenações Regionais.

Cada município presente assumiu o compromisso de formar na sua região a Coordenação Regional e indicar pelo menos dois representantes para compor a Coordenação Estadual

Na opinião dos presentes o Ato foi muito produtivo e teve a animação dos Grupos Ponto Z, Grupo de Raiz e Bom Partido. Um apresentação especial de Claudinha Quadros, cantora do Grupo Negras em Canto.

Assim o RS da inicio a construção e sua contribuição ao Congresso Nacional de Negras e Negros do Brasil.

Os membros da Coordenação Política Estadual, vão reivindicar junto a Coordenação Política Nacional, que uma das etapas de reuniões de articulação nacional que aconteceu no RS.
Em São Paulo

SEMINÁRIO PREPARATÓRIO DO CONGRESSO NACIONAL DE NEGRAS E NEGROS DO BRASIL

TEMA: CONSTRUINDO UM PROJETO POLÍTICO DA POPULAÇÃO NEGRA NO ESTADO DE SÃO PAULO

DATA: 14 DE ABRIL DE 2007

HORÁRIO: 9H ÀS 18H

LOCAL: APEOESP na Praça da República, nº. 282 – Metrô República, São Paulo/Capital

PARTICIPAÇÃO: 150 negras e negros (conforme tabela usada na Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial)

PAUTA PRINCIPAL: Organização do Congresso Nacional de Negras e Negros do Brasil, no Estado de São Paulo.

9h às 9h30min: ABERTURA INTER-RELIGIOSA
9h30min às 12h: ANÁLISE DE CONJUNTURA ESTADUAL
60 minutos (20'de debate)
Palestrante: Nivaldo Santana
Debatedora: Gevanilda Santos
Mediadora: Rosa Miranda

ANALISE NACIONAL - BRASIL X AFRICA; OBJETO DO CNNNBr ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL - 90 minutos (30'de debate).
Palestrante: Rafael Pinto
Debatedor: Reginaldo Bispo
Mediador/a - representante de Campinas

PERSPECTIVA DO MOVIMENTO NEGRO – 40 minutos (20'de debate)
Palestrante: Mara Borges
Debatedora: Sonia Leite
Mediador/a – Julia B. Camilo

12H ÀS 13H – ALMOÇO

13H ÀS 18H
1- INDICAÇAO DAS/OS 2 (DOIS) REPRESENTANTES DE SÃO PAULO NA COORDENAÇÃO POLÍTICA NACIONAL
2- DEFINIÇÃO DA COORDENAÇÃO POLÍTICA DE SÃO PAULO
3- COMPOSIÇÃO DAS SUBCOMISSÕES:
a) ORGANIZAÇÃO e INFRAESTRUTURA
b) MOBILIZAÇÃO e ARTICULAÇÃO
c) COMUNICAÇÃO
d) FINANÇAS
e) TEMÁTICA e de RELATORIA MUNICIPAL, REGIONAL e ESTADUAL.
f) AGENDA de ATIVIDADES no ESTADO SÃO PAULO
4- INFORMES da INFRAESTRUTURA da DELEGAÇÃO DE SÃO PAULO para o Lançamento Nacional do Congresso no dia 20 de abril e Assembléia Nacional nos dias 21 e 22 de abril de 2007, na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais.
5- ENCAMINHAMENTO FINAL

Dia 20 de Abril de 2007: Ato de Lançamento do Congresso
Horário: 20hs
Local: Sede do CREA, na Avenida Alvares Cabral, 1600 – Belo Horizonte/MG

Dias 21 e 22 de Abril de 2007: Assembléia Nacional
Local: SESC Venda Nova – Rua Maria Borboleta s/no., Bairro Jardim Comerciários, Belo Horizonte/MG

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