sábado, 16 de fevereiro de 2008

UFSC adere ao sistema de cotas

ESTEPHANI ZAVARISE



O Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) aprovou ontem, por unanimidade, a implantação do sistema de reserva de vagas, as chamadas cotas, para estudantes egressos de escolas públicas, afrodescendentes e indígenas na instituição. A decisão entra em vigor já no próximo vestibular, em dezembro.A UFSC reservará 20% das vagas dos cursos de graduação para estudantes de escolas públicas e 10% para negros, também formados em instituições públicas. Caso sobrem vagas nesta última categoria, elas serão destinadas a afrodescendentes de outras instituições de ensino. Ainda serão reservadas cinco vagas para indígenas. O debate sobre o sistema de cotas na UFSC começou em 2002 e se intensificou no ano passado. Além de alunos, professores e servidores, envolveu também a participação de instituições externas e movimentos sociais.Ontem, apesar de a implantação ter sido aprovada por unanimidade, houve divergências quanto à porcentagem destinada a elas e à reserva de vagas para afrodescendentes. Após mais de três horas de discussão, o grupo chegou a uma decisão, com base nas conclusões da comissão institucional criada para estudar o assunto, e nas sugestões da professora Viviane Heberle, que relatou o caso, e dos próprios membros do conselho. Representantes de escola viajaram 480 quilômetros- Destaco a maneira madura com que a questão foi conduzida por todos os envolvidos. E agradeço a maneira como o conselho decidiu - disse o reitor Lúcio Botelho.
Grupo de estudante e professores se deslocou de Luzerna, no Meio-Oeste, para defender a implantação do sistema de reserva de vagas no vestibular da UFSC

Foto(s): Cristiane serpa/DC

Fora da sala dos conselhos, onde a reunião foi realizada, alunos e professores da escola estadual Padre Nóbrega, de Luzerna, Meio-Oeste catarinense, a 480 quilômetros de Florianópolis, aguardavam pela decisão. Eles se deslocaram convidados pelo frei Davi dos Santos, um dos idealizadores do vestibular por cotas no Brasil e que agora é pároco no município. Ele comemorou a decisão da universidade. - O encaminhamento é melhor que o de outras universidades do Brasil - destacou. Para Joana Célia dos Passos, coordenadora-geral do Núcleo de Estudos Negros, ONG integrante do movimento negro catarinense, que também acompanhou a reunião do conselho, as cotas trarão diferenças para a vida da UFSC. - A universidade de fato vai possibilitar a democratização do acesso. Nós precisamos ter profissionais negros nas diferentes áreas, e a desigualdade racial não tem permitido que essas pessoas acessem a universidade. Para o professor de Física Marcelo Tragtenberg, vice-presidente da comissão que estudou o tema, as cotas vão democratizar o acesso, principalmente nos cursos mais concorridos, nos quais a porcentagem de alunos vindos de escolas particulares é maior. Também promoverão a diversidade socioeconômica na universidade e influenciarão na redução do racismo. Para André Costa, um dos representantes do Diretório Central de Estudantes no Conselho Universitário, a aprovação da proposta foi positiva, embora defendesse a reserva de 50% das vagas para alunos cotistas.- Defendíamos a proposta da União Nacional dos Estudantes (UNE), de 50% - comentou.
Como vai ficar
\> O sistema de cotas da UFSC passa a valer já a partir do próximo vestibular, em dezembro.
\> Todos os candidatos inscritos no vestibular concorrerão a 70% das vagas.
\> 20% das vagas são destinadas a estudantes que cursaram os ensinos Fundamental e Médio em escolas públicas - negros inclusive , que não tenham conseguido entrar no total de 70%.
\> Os 10% restantes serão destinados a estudantes afrodescendentes que não conseguiram ingressar pela classificação geral e pelas cotas de escolas públicas. No caso dessas vagas não serem preenchidas, elas serão destinadas a afrodescendentes vindos de outros tipos de estabelecimentos de ensino.
\> Serão criadas cinco vagas para indígenas na UFSC em 2008, aumentadas em uma a cada ano, até um total de 10 em 2013. O indígena opta na inscrição pelo curso que deseja realizar.
\> No caso de sobrarem vagas de cotas, elas retornarão para o total geral de vagas.
\> Os candidatos beneficiados pelas cotas vão se submeter aos mesmos critérios de eliminação dos demais candidatos: obter nota mínima de 3,0 na prova de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira e na Redação, somar 20 pontos no conjunto das demais questões e não zerar em alguma outra disciplina ou no conjunto das discursivas.
\> Será criada uma comissão para analisar se os candidatos atendem aos requisitos da reserva de vagas. No caso dos afrodescendentes, a análise será feita pelo fenótipo (aparência) que os caracterizam na sociedade como pertencentes ao grupo racial negro.
\> A decisão vigora pelos próximos quatro anos, após os quais poderá sofrer os ajustes que a administração da instituição e os membros do conselho considerarem necessários.
Fonte: Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Comissão de Acesso e Diversidade Socioeconômica e Étnico-racial
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Grupo de estudante e professores se deslocou de Luzerna, no Meio-Oeste, para defender a implantação do sistema de reserva de vagas no vestibular da UFSC
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Na Udesc, discussão ainda está em comissões
Proposta enfrenta resistências
Reações diferentes entre alunos









Destaque - A Notícia
UFSC aprova o sistema de cotas
Alunos de escola pública e afrodescendentes terão vagas
Florianópolis



Com lágrimas e um sorriso, o frei David dos Santos, que há 20 anos milita em movimentos de afrodescendentes, anunciou na manhã de ontem a 15 pessoas que aguardavam no saguão da reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, o resultado da discussão do conselho universitário: o próximo vestibular da UFSC, no fim do ano, vai reservar 20% das 3.920 mil vagas para estudantes de escolas públicas, 10% para alunos negros de escolas públicas e cinco postos para indígenas. A decisão do conselho é definitiva e estará no edital do vestibular, que deve ser divulgado até o fim do mês. A medida vale por quatro anos, quando será feita uma revisão do sistema. A reunião de ontem foi fechada. Segundo participantes, a criação do sistema de cotas foi aprovada por unanimidade. A única polêmica foi quanto ao tipo de cota. No fim, chegou-se a um consenso: a UFSC será a 17ª universidade pública do País a reservar vagas de acordo com critérios raciais e sociais. "Foi uma discussão madura", disse o reitor Lucio Botelho.
QuandoMedida vai valer já no próximo vestibular da universidade. Candidato deverá informar sua opção na ficha de inscrição
O frei David dos Santos, diretor-executivo da Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro), uma rede de cursos pré-vestibulares comunitários coordenada por frades franciscanos, acredita que a implantação do sistema de cotas vai trazer nova reflexão para o meio acadêmico. "O Brasil não deve continuar discriminando os excluídos, e sim dar oportunidades de inclusão", avalia. A medida empolgou o vendedor Cristiano Celso, que há três anos concluiu o ensino médio. Aos 21 anos, ele pensa em prestar vestibular pela primeira vez na UFSC. Ainda não fez o concurso por achar que tem menos chances na disputa com estudantes mais bem preparados e pela distância entre Luzerna, onde mora, e a Capital ( 379 km), onde fica o único campus da universidade. Ele estava na UFSC ontem e comemorou o resultado.Duas propostas de cotas foram avaliadas pelo conselho universitário da UFSC. A rejeitada previa reserva de 40% das vagas: 20% para quem sempre estudou em escola pública. Os outros 20% seriam para negros – com 5% para egressos de escolas públicas e 15% sem origem escolar definida. A reserva de vagas pode virar lei no País. Um projeto de lei sobre o assunto está parado na Câmara dos Deputados. Além da UFSC, outras universidades estão se adiantando. Das 57 federais do País, 16 já aderiram. Até o fim deste ano, o número de cotistas nas federais deve chegar a 14 mil. Na rede estadual, com 34 universidades, a adesão foi maior: 18 delas têm cotas. Na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), comissões foram criadas para discutir o assunto, que ainda está em estudo. No total, já são 35 instituições públicas no Brasil com reserva de vagas.
Como ficou a reserva de vagas
5 vagas para indígenas – com aumento de uma nova vaga por ano 70% - Vagas gerais, que podem ser disputadas por todos os candidatos.20% - Egressos de escolas públicas que não conseguiram entrar nas vagas gerais.1-% - Afrodescendentes que concluíram o ensino médio em escola pública, que não passaram nos dois sistemas anteriores.
- Se o total de afrodescendentes vindos de escolas públicas inscritos não for suficiente para preencher todas as vagas, entram na disputa os afrodescendentes que vieram de instituições privadas. É preciso que o candidato tenha pontuação mínima de 26% no conjunto das provas.
Como será feito o controle:Alunos de escolas públicas devem provar que estudaram nestas instituições durante todo o ensino fundamental e ensino médio (pré-escolar não conta).Afrodescendentes, além de provar que estudaram sempre em escolas públicas, devem passar por avaliação de comissão montada pela UFSC. Indígenas precisam comprovar que pertencem a alguma etnia.
A leiO Projeto de lei 3627/2004 institui um sistema especial de reserva de vagas para estudantes egressos de escolas públicas, em especial negros e indígenas, nas instituições públicas federais de educação superior. - A primeira universidade a adotar o sistema de cotas foi a Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), em 2001.- A Universidade de Brasília (UnB) foi a primeira instituição federal de ensino superior a implementar as cotas, em 2003.
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Candidato vai informar escolha na hora da inscrição
Pelo sistema aprovado pelo conselho universitário da UFSC, o candidato deverá informar na hora da inscrição para o vestibular se quer concorrer pelo sistema de cotas. No caso dos 20% destinados a estudantes de escolas públicas, o candidato deverá comprovar que estudou em instituições das redes municipal, estadual e federal durante todo os ensinos fundamental e médio. Se a procura por determinado curso for insuficiente para preencher todas as vagas oferecidas aos egressos de escolas públicas, os postos serão ocupados pelos candidatos que concorrem às 70% restantes.Para o candidato que quiser concorrer às vagas reservadas aos afrodescendentes, o processo é mais complicado. Além de provar que sempre estudou em escola pública e se autodeclarar negro ou pardo, ele passará por avaliação de uma comissão montada pela UFSC para saber se pode ou não prestar o vestibular pelo sistema. Os critérios ainda não foram definidos, segundo o pró-reitor de Ensino de Graduação, Marcos Lafin. A conselheira universitária e relatora do processo de ações afirmativas da UFSC, Viviane Herbele, afirma que será levado em conta "o fenótipo (características físicas) que caracterize o estudante como negro na sociedade". Viviane diz que serão adotados critérios rigorosos para evitar casos como o ocorrido neste ano na Universidade de Brasília (UnB), quando um candidato foi classificado como afrodescendente e o seu irmão gêmeo idêntico, não. O assunto foi capa da revista "Veja", no mês de junho. "Queremos que tudo ocorra bem, por isso será feita uma fiscalização rígida", diz. Os estudantes afrodescendentes que estudaram em escolas particulares também têm chance no sistema de cotas. Isso se o total de negros inscritos para o vestibular (que estudaram em escolas públicas) não chegar a 10% do número de postos disponíveis para o curso. Para não gerar números fracionados, a criação das cotas raciais e sociais deve provocar alterações no número de vagas disponíveis para o vestibular. O professor Marcelo Tragtenberg, da comissão de acesso da UFSC, explica que cada departamento definirá se abre novas turmas ou aumenta o total de alunos em cursos noturnos. No concurso do ano passado, havia 3,9 mil vagas em disputa.
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Estudantes pretendem aproveitar a chance
Para Danilo Jeismann, 16 anos, Aline Rafael, 19 anos, Aline Kepka, 18 anos, e Nicole Ganzemueller, 20 anos, as cotas nas universidades públicas são bem-vindas. Aline Rafael poderia ser beneficiada por ser afrodescendente. Os três colegas, por sempre terem estudado em escola pública. Aline Rafael tentará vestibular para medicina na UFSC, pela segunda vez. Apesar de não ver razão em beneficiar os afrodescendentes, optaria pela cota para alcançar seu objetivo. Danilo vai tentar direito na UFSC. Ele acredita que o sistema de cotas facilitará o acesso de alunos como ele, que a vida toda estudaram em colégios públicos. "É a chance de conquistar um futuro melhor", diz. Aline Kepka vai concorrer a uma vaga em medicina veterinária. Diz que, como nunca estudou em escola particular, tem menos chances. "A educação em escola pública ainda é precária", avalia. Danilo tem a mesma opinião. Ele conta que no cursinho professores falam em temas que ele deveria ter aprendido no primeiro ano do ensino médio. Nicole ainda não sabe em que curso vai se inscrever. A jovem chegou a cursar turismo, mas não tinha como pagar as mensalidades da universidade. "Agora que paguei a dívida com a faculdade, comecei o cursinho para tentar estudar numa federal", conta.
O que você acha da reserva vagas para alunos negros ou que estudaram a vida inteira em escolas públicas?






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10-07-2007 14:11:57 - UFSC define cotas para negros e estudantes carentes no vestibular
O Conselho Universitário da UFSC decidiu, em reunião realizada na manhã desta terça-feira, reservar 20% das vagas, já a partir do próximo vestibular, para estudantes oriundos de escolas públicas e 10% para negros, também formados em colégios de caráter público. Caso o percentual de negros não atinja esse patamar, as vagas restantes serão destinadas a jovens vindos de outros tipos de estabelecimentos de ensino. Ao mesmo tempo, o Conselho garantiu cinco vagas para indígenas, com o aumento de uma nova vaga a cada ano letivo. A decisão vigora pelos próximos quatro anos, após o que poderá sofrer os ajustes que a administração da instituição e os demais membros do Conselho considerarem necessários. "Destaco a maneira madura e serena com que a questão foi conduzida por todos os envolvidos", disse o reitor da UFSC, Lúcio José Botelho, ao final do encontro, que teve a participação de representantes do movimento negro, de comunidades indígenas, de estudantes e da comunidade. Ele afirmou que houve discordâncias em alguns pontos, mas ressaltou a unanimidade em relação aos itens principais, que são as cotas para negros e estudantes carentes. Ao sair da sala do encontro, o reitor e os membros do Conselho foram aplaudidos pelos estudantes que aguardavam a decisão no andar térreo da reitoria da UFSC. Integrante do Conselho, o estudante André Costa, acadêmico do curso de Administração da universidade, disse que os alunos pleiteavam uma cota de 50% para alunos originários de escolas públicas, mas considerou positiva a decisão tomada. Mesmo com um projeto de lei sobre o tema tramitando na Câmara dos Deputados, ele afirmou que a decisão da UFSC é definitiva, uma vez que as universidades têm autonomia para deliberar sobre o assunto. Entre as 57 instituições públicas de ensino superior no País, a UFSC é a 17ª a adotar o sistema de cotas, de acordo com notícias divulgadas ontem pela imprensa nacional. O professor Marcelo Henrique Tragtenberg, membro do Conselho de Ações Afirmativas e do Conselho Universitário, que também participou do encontro, disse que no vestibular os candidatos beneficiados pelas cotas vão se submeter aos mesmos critérios de avaliação dos demais postulantes, como não zerar na prova de inglês e nas questões dissertativas. Professor do Departamento de Química, ele afirmou que cada curso, ao conhecer o número de vagas que deverá destinar a estudantes oriundos das escolas públicas, decidirá se cria novas turmas ou aumenta o número de alunos no turno da noite. "Cada curso precisa se pensar", destacou ele. Tragtenberg também disse discordar de alguns pontos do projeto em tramitação no Congresso, sobretudo porque ele ignora a diversidade de características sociais e étnicas de cada região do País e porque, ao levar em conta apenas o ensino médio, "não considera o recorte sócio-econômico do País". Ao fazer um balanço a reunião, ele afirmou que "é muito bom pensar com várias cabeças". Mais informaçõs na UFSC com o reitor, professor Lúcio José Botelho, 3721-9522, ou com o professor Marcos Laffin, 3721-9891 Paulo Clovis / Agecom

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom dia,
meu nome é Michelle Assis e sou estudante do curso de jornalismo da UniverCidade, do Rio de Janeiro. Estou fazendo uma matéria para o jornal da faculdade sobre cotas nas univesidades. Gostaria de fazer uma entrevista por e-mail com um representante da Ong sobre este assunto, para isso, preciso de um e-mail de contato. O meu e-mail é mcl_assis@yahoo.com.br Aguardo contato.